Brasília - Principal problema a ser enfrentado pelo vice-presidente Michel Temer, caso o Congresso aprove o impeachment da presidente Dilma Rousseff e assuma o governo, a economia é a área da futura gestão que o peemedebista está mais preocupado no momento. Nesta semana, enquanto o país debatia a votação da comissão do impeachment e o vazamento do áudio do vice, Temer conversava com Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central na gestão de Fernando Henrique Cardoso. “Fraga só não será ministro da Fazenda se não quiser”, resumiu mais de um interlocutor. Fraga emitiu alguns sinais de que não gostaria de assumir o cargo em um eventual governo pós-Dilma. Temer tem insistido. “Tudo o que o futuro governo precisa, nesse momento, é recuperar a confiança do mercado.” Neste sentido, a segunda opção para o posto seria o do também ex-presidente do BC, só que na gestão Lula, Henrique Meirelles. Mas Meirelles também tem conversado com Lula, para o caso de Dilma escapar do impeachment, o que não o tornaria um nome tão próximo do vice-presidente.
Outros nomes são apontados como estratégicos para elaborar o processo de transição econômica do governo: o atual presidente do Insper, Marcos Lisboa; o professor da pós-graduação em economia da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro Samuel Pessôa; e o técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Mansueto de Almeida. A equação palaciana também precisará ser desenhada.
Há, contudo, um ponto a ser resolvido. Parlamentares, normalmente, têm resistências a serem coordenados por alguém sem mandato eletivo. Padilha é experiente, mas não é mais deputado. Outro nome bastante ligado a Temer e que deve ter uma posição de destaque em um futuro governo do PMDB é o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco. Pela proximidade ele pode ter gabinete no Palácio do Planalto. Aliados dizem que ele gostaria de assumir o Ministério das Cidades. Outros interlocutores garantem que ele poderá assumir uma estatal, como a Petrobras, por exemplo.
CONFIANÇA No lado político, Temer teria dificuldades para acomodar possíveis aliados. Primeiro porque o PMDB sempre bateu na tecla da redução dos ministérios e dos cargos comissionados. Hoje, são 31 pastas e quase 20 mil cargos de confiança. “Ele vai precisar ter uma base parlamentar para agir rapidamente neste período de transição. Vai fechar o balcão de negócios ou assumir a bandeira ética da moralidade administrativa?”, questionou um peemedebista do núcleo duro do Senado. “Onde vai caber o PP, o PR e o PSD?”.
Outra dúvida envolve a posição do PSDB.