Brasília, 15 - Depois de quase uma hora de discursos da defesa e acusação no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, foram iniciadas na manhã desta sexta-feira, 15, as discussões entre os parlamentares sobre o processo na Câmara.
Os primeiros a falar foram os deputados Zé Geraldo (PT-PA) e Luiz Sérgio (PT-RJ). Geraldo afirmou que o processo de impedimento da presidente é "além de ilegal, imoral, pois já nasceu sujo". Para ele, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), resolveu acatar o pedido de impeachment por vingança.
"Que vergonha, juventude brasileira. Que vergonha, juristas brasileiros, professores, trabalhadores. Nós aqui julgando o impeachment instalado por Cunha, que tentou nos chantagear no Conselho de Ética", acusou o petista. Também se posicionaram contra Cunha o líder do PSOL, Ivan Valente (SP) e o líder do PCdoB, Daniel Almeida (BA).
Também já falaram em plenário os parlamentares Weverton Rocha (MA), falando pelo PDT em defesa da presidente Dilma; Augusto Coutinho (PE), com fala oposicionista em nome do Solidariedade; e Pauderney Avelino (AM), a favor do processo de impeachment, pelo DEM.
Na visão do líder do DEM, "o governo agiu de forma irresponsável, mentiu para o povo, e agora só resta fazer justiça". "Impeachment já", completou. Em nome do Solidariedade, Coutinho disse que não se trata de golpe. "É uma obrigação republicana, um mecanismo institucional para afastar governantes que cometem crime", afirmou.
Clima
O clima estava mais tranquilo enquanto deputados se alternam no plenário da Câmara entre pronunciamentos contra e a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Os ânimos estiveram mais exaltados durante a manifestação do jurista Miguel Reale Jr., signatário do pedido de impeachment, e do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, que defendeu o mandato da presidente Dilma e terminou seu discurso chamando o processo de impeachment de "golpe".
Ao final da apresentação de Cardozo, deputados contra e pró o impedimento de Dilma trocaram gritos de "não vai ter golpe" e "impeachment já".
No plenário, deputados estão com placas contra e a favor do impeachment, as mesmas que foram usadas na comissão especial que analisou o processo.
Manifestações
Do lado de fora do Congresso Nacional, o esquema de segurança e organização para o processo de discussão e votação do impeachment já está todo montado. O trânsito na Esplanada dos Ministérios ficará fechado até o domingo à noite nos dois sentidos.
A área em frente ao Congresso Nacional ficará isolada e apenas policiais, bombeiros e militares da Força Nacional poderão circular por lá, segundo determinação do Governo do Distrito Federal (GDF).
O GDF também dividiu a Esplanada em duas grandes alas separadas por um muro. Do lado direito, ficarão os manifestantes favoráveis ao impeachment e do lado esquerdo, aqueles que apoiam a presidente Dilma. Policiais ficarão na Rodoviária do Plano de Piloto, próxima à Esplanada, e irão orientar as pessoas para qual lado do muro deverão se dirigir.
Nesta manhã, a movimentação no local está tranquila e ainda não havia manifestações de populares. Nesta manhã, pessoas passeavam de bicicleta e faziam caminhada. Somente carros do Detran e da Polícia Militar estão circulando na região.