"Ele já tem um desenho formado na cabeça, mas não está tratando disso. Seria muito precipitado", afirmou ao jornal
O Estado de S. Paulo
, Geddel Vieira Lima, primeiro secretário do PMDB e integrante do grupo mais próximo de Temer.
Integrantes do partido que têm frequentado o Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência, dizem que têm também orientado Temer a não dar início às negociações antes do desfecho do processo de impeachment no Senado. "Não é momento para tratar do assunto. Começaria a criar vários ruídos entre os partidos que irão compor o governo do Michel", avaliou um integrantes da cúpula do PMDB do Senado.
Circulando
Na reta final da votação do processo de impeachment na Câmara, Temer aproveitou a festa de aniversário da filha do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) para "circular", na noite de quinta-feira, 14, entre representantes de vários partidos da "base aliada" e da oposição. O jantar, realizado no Lago Sul, área sofisticada de Brasília, contou com a presença do vice e de integrantes de PMDB, PP, PR, PSB e DEM.
Temer chegou ao local por volta das 22h, acompanhado de Geddel. Durante quase uma hora em que ficou no local, o vice falou com praticamente todos políticos que estavam na festa."O clima foi de alto astral, bastante festivo. Tinha muita gente e foi um bom momento para o Michel circular. Mas como tinha muita gente, ficou impossível ter qualquer conversa mais profunda", afirmou o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que passou parte da noite na mesma mesa do vice.
Nas rodinhas formadas pelos parlamentares, segundo Jarbas, o mote foi a contagem e recontagem dos votos do impeachment. "A coisa girou muito em torno de placar. Tinhas alguns mais otimistas outros nem tanto. Uns terceiros defendendo que era preciso ficar atentos e por ai foi", emendou.
Um dia após anunciar que o PP votaria a favor do impeachment, o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), se reuniu com o vice. As movimentações do senador têm sido, contudo, criticadas por lideranças do PMDB. "Ele tem tomado café da manhã com a Dilma, almoçado com Temer e jantado com o Renan Calheiros. Três conversas diferentes. Não dá para confiar numa pessoa dessas", considerou um integrante da cúpula do PMDB. Representantes de outras legendas da base como o PSD e o PR também têm intensificado o corpo a corpo com o vice. Ontem foi a vez do PSC.
Viagem
Temer viajou nesta sexta-feira, 15, à noite de Brasília para São Paulo, onde deve acompanhar as discussões em torno do processo de impeachment da presidente.
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