Deputados do PT que participam da sessão de debate do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara reagiram neste sábado às declarações do vice Michel Temer - nas quais ele negou a intenção de acabar com os programas sociais, o que chamou de "mentira rasteira".
Em discurso no plenário, o deputado Paulo Pimenta (RS) afirmou que Temer falou como presidente, antes mesmo da votação sobre a admissibilidade do processo. "Temer, o breve, anunciou medidas como se presidente da República fosse", afirmou Pimenta, em tom irônico. "O vice-presidente superou seu intuito conspirador", discursou o petista.
O deputado gaúcho se disse satisfeito com o clima de "vira, virou" que fez o governo garantir novos votos contra o impeachment, mas ressalvou que "a oposição nunca teve os votos necessários para aprovar sua proposta de golpe".
Em entrevista, Wadih Damous (RJ) reiterou a acusação de que em um possível governo Temer haveria pressão para dificultar as investigações da Operação Lava Jato. "Todos sabem que Temer disse que conseguiria brecar a Operação Lava Jato. Não sei como, porque o Ministério Público é autônomo e a Polícia Federal não pode atuar contra a investigação", afirmou. Damous disse também que "a ação de Temer sempre foi para brecar os programas sociais".
O deputado carioca reforçou a tese de que a oposição não tem garantidos os 342 votos necessários para aprovar o impeachment da presidente. Segundo Damous, os deputados indecisos, desde sexta-feira, 15, tendem a votar contra o impeachment ou optar pela abstenção - o que favorece o governo, pois tira possíveis votos a favor do afastamento da presidente.
O governo não precisa garantir votação mínima contra o impeachment, enquanto a oposição precisa de pelo menos dois terços dos 513 deputados..