Desde a sexta-feira, 15, Delgado recebeu diversas visitas de deputados em sua casa e telefonemas de interlocutores do governo, próximos ao ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, e da ministra da Agricultura, Katia Abreu. Para defender o voto favorável ao impeachment, o próprio Michel Temer procurou o deputado, assim como Moreira Franco, peemedebista próximo do vice-presidente.
Em seu voto, Delgado - que foi relator do pedido de cassação de José Dirceu no Conselho de Ética e recomendou sua condenação - deve manter o posicionamento favorável ao impedimento da presidente Dilma, mas usará os seus três minutos na tribuna para criticar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), seu inimigo declarado e principal motivo de sua dúvida e "angústia".
Nem Dilma, nem Cunha
A liderança do PSB lançou uma nota neste sábado, reiterando posição favorável ao impeachment. "A despeito de informações infundadas plantadas, os deputados socialistas têm posição clara, que está sendo manifestada no plenário desde a manhã de sexta. Esta posição será consolidada durante a votação. Não negociamos nossos votos e não nos desviamos do nosso princípio", diz o líder da sigla, Fernando Coelho Filho (PE).
O PSB, partido de Delgado, junto com PSD, PR, Rede, PTdoB e PHS, começou na sexta a articular o movimento "nem Dilma, nem Cunha". Alguns parlamentares diziam estar desconfortáveis em votar à favor do impeachment da presidente Dilma num processo chancelado pelo presidente da Câmara e começaram a ser articular para se abster na votação de domingo. A abstenção acabaria se tornando um voto pró-governo.
As discussões começaram entre deputados do PSB e PSD que, num primeiro momento, votariam favorável ao afastamento.