Paralelamente a isso, o vice-líder do governo na Câmara, Silvio Costa (PTdoB), avisou que o governo vai continuar negociando cargos com parlamentares dispostos a apoiar o governo. Apenas ontem, foram nomeadas mais de 80 pessoas.
NEM NEM
O surgimento de um grupo de parlamentares oriundos da Rede, PSOL e dissidentes do PSB deram fôlego ao mote de “nem Dilma, nem Cunha”, pregando a abstenção na votação — o que, na prática, favorece o governo. “A solução passa pela cassação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse é o caminho mais adequado para o país”, defendeu o deputado Aliel Machado (Rede-PR), que faz parte do grupo. Segundo esses parlamentares, existe a possibilidade de até 20 deputados aderirem ao grupo.
Mesmo com visão crítica ao governo, avaliando que Dilma não terá governabilidade caso vença o processo do impedimento, eles se posicionam de maneira contrária ao fortalecimento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que passaria a ser o segundo na linha de sucessão presidencial num eventual governo Temer. Cunha é réu em processo em que é acusado de receber R$ 5 milhões em propinas.
Também parte do grupo, Ivan Valente (Psol-SP) recorreu aos níveis altos de rejeição ao vice, captados em pesquisas de opinião, para dizer que o governo do peemedebista também sofreria com instabilidade, já que movimentos sociais deveriam continuar protestando.
O líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (PSDB-BA), criticou o movimento. “Quem encabeça esse movimento está a favor da Dilma, o resto é puro engodo”, afirmou. Já Silvio Costa disse que a articulação não foi feita com a influência do governo, mas mostrou simpatia aos deputados. “Estão todos contra o golpe”. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, obteve uma vitória ontem. O ministro do STF Celso de Mello negou pedido do deputado Jean Wyllys, para proibir o parlamentar de votar no processo.
JUCÁ O presidente em exercício do PMDB, senador Romero Jucá (RR), criticou no começo da noite de ontem os deputados que cogitam faltar à votação do impeachment hoje. Nas últimas horas, o Palácio do Planalto operou uma estratégia para diminuir o quórum de votação. “Estamos muito tranquilos. Os partidos estão firmes.
Votação será alternada
A ordem da votação, determinada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai alternar estados do Norte e do Sul, partindo dos mais extremos até o centro. Depois, a ordem será invertida. Dessa forma, os primeiros a votar serão os parlamentares de Roraima, seguidos pelos do Rio Grande do Sul. Na sequência virão os de Santa Catarina seguidos do Amapá. Depois do Pará e do Paraná e assim sucessivamente. Os parlamentares governistas desejavam que a votação ocorresse de um em um, ou seja, um deputado de Roraima vota, seguido por um do Rio Grande do Sul. Para a base aliada, a ordem de votação é importante porque poderia influenciar deputados indecisos de forma negativa ao governo. Nos estados do Sul, que têm mais deputados, há mais votos favoráveis ao impedimento.
Por causa disso, quando Cunha anunciou a ordem atual, foram impetrados uma ação direta de inconstitucionalidade e dois mandados de segurança, movidos pelo PCdoB e pelos deputados Rubens Pereira (PCdoB-MA) e Weverton Rocha (PDT-MA), questionando o processo no STF (Supremo Tribunal Federal). O rito foi mantido pela corte em sessão extraordinária ocorrida na quinta-feira, que se prolongou até a madrugada. A ideia inicial do presidente da Câmara é que a votação tenha início às 15h. Uma sequência de ritos, no entanto, pode adiar essa etapa até o início da noite. Pela ordem definida, no início da sessão, o relator do parecer favorável ao impedimento de Dilma Rousseff, Jovair Arantes (PTB-GO), fará uma apresentação de 25 minutos sobre o relatório. Na sequência, os líderes partidários poderão fazer uso da palavra e indicar o voto ao partido.
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