Lindbergh criticou as falas dos parlamentares durante o anúncio dos votos e disse que a transmissão da sessão presidida por Cunha "foi um tiro no pé" da oposição, que enfraqueceu o movimento pró-impeachment nas ruas. "Engraçado, acho que ninguém votou pelas pedaladas fiscais, votaram pela família, era cada declaração terrível", disse. "Ave Maria, achei um discurso desrespeitoso, eu senti nojo, é impressionante."
O senador conta com um sentimento de reprovação popular a Temer para reverter a situação do governo no Senado. "Se ele (Temer) consumar esse golpe, não se sustenta três meses no governo, vai ser escorraçado pela população. O povo vai ver isso de cara, é muito desgaste junto e isso não é o que as ruas estavam querendo. As ruas queriam a mudança e aí vem o velho PMDB, isso é um escândalo", comentou.
Caso Temer assuma a presidência da República, o petista sugeriu que poderia haver um movimento popular a favor de eleições diretas.
O senador acredita que hoje a oposição não tem votos suficientes para o julgamento final no Senado, mas que deve conseguir aceitar a análise do pedido de impedimento de Dilma no Congresso. Dos 81 senadores, o petista contabiliza 28 votos a favor do governo. Apesar de dizer que ainda não considera o afastamento da presidente, Lindbergh já adiantou que o PT não reconhecerá o governo de Temer e que fará "oposição aguerrida".
Sobre a mudança de votos em cima da hora na Câmara, considerada como traição por petistas, Lindbergh responsabilizou a tropa de choque de Temer. "Essa turma é muito barra pesada, Cunha, Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), o ex-deputado Sandro Mabel, o ex-ministro Eliseu Padilha, esses caras jogaram com todas as armas. Os ministros palacianos são freiras de convento na frente deles", acusou.
A estratégia do governo no Senado a partir desta segunda-feira será inicialmente tentar estender o rito do impeachment na Casa o máximo possível, segundo o senador. Além disso, o foco dos governistas será tirar a credibilidade de uma eventual gestão Temer. Ele disse que, a partir de amanhã, deve se reunir com o Palácio do Planalto para "organizar as coisas no Senado"..