Setor produtivo diz não a Dilma

Marinella Castro
No debate sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o setor produtivo – representantes da indústria, do comércio, do agronegócio – se posicionou pela retomada da confiança na economia brasileira.
Defendeu corte de gastos e medidas que levem ao fim da crise política que paralisou a economia e arrasta o país para o segundo ano de recessão. Os segmentos defendem o combate ao deficit fiscal. Há entidades que se posicionam a favor do afastamento da presidente.

O presidente da Federação das Indústria de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Junior, na página da entidade na internet, disse parecer claro que o simples fato de se trocar o titular da cadeira presidencial não resolverá, da noite para o dia, os graves problemas que freiam o crescimento econômico. “É preciso ter propostas capazes de devolver à sociedade e às nossas empresas a competitividade que lhes foi subtraída ao longo dos últimos anos em razão de descaminhos que todos conhecemos muito bem.”

Segundo Machado Junior, após o processo de impeachment, independentemente do resultado, a busca do equilíbrio fiscal é o principal desafio e deve ser enfrentado sem gerar novos ônus para o setor produtivo e para o cidadão brasileiro. “Não dá mais para aumentar impostos nem para recriar tributos, como se ameaça fazer com a CPMF. Além do mais, o descompasso fiscal é consequência da tresloucada maneira pela qual o governo optou por gerir o orçamento público nos últimos anos”, criticou.

A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH) evita se posicionar a favor ou contra o impedimento da presidente, já que tem associados de diversas correntes políticas. Contudo, Bruno Falcci, presidente da entidade, diz que o governo perdeu a legitimidade e a capacidade de governar.

“Quem constrói a riqueza do país não são os políticos, mas o setor produtivo, empresários e trabalhadores, que merecem mais respeito.” Falcci diz que a corrupção se alastrou e houve “mentiras.” “Antes da eleição, o país era um, a inflação estava controlada e o Brasil cresceria.

Após a eleição, o discurso mudou, a inflação se descontrolou e as demissões dispararam.
Defendemos um governo que seja transparente e que arrume a casa, cortando gastos em todas as esferas – municipal, estadual e federal – seja qual for o partido.”

Como representante do agronegócio, único setor que resistiu à crise no ano passado e fechou o ano no azul, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) se declarou favorável ao impeachment. Caravanas de diversas regiões do país e também de Minas participaram do ato público pró-impeachment em Brasília.

O vice-presidente da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg) e diretor da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Rivaldo Borges Junior, explica o posicionamento.

“Não há outra saída para o Brasil. O país tem grande potencial, mas o governo atual perdeu a capacidade de governar. O que falta ao país é seriedade para trabalhar.” O pecuarista considera que a corrupção é um risco. “Ela está entranhada de maneira forte no meio político. Precisamos promover uma limpeza, ter um governo de unidade para todas as classes sociais.”.