Brasília - A política de distribuição de cargos do segundo escalão do governo para barrar o impeachment na Câmara teve efeito reduzido. A votação do pedido contra Dilma Rousseff mostrou que não houve um apoio em peso dos parlamentares das bancadas contemplados com cargos. A transferência de votos restringiu-se ao apoio do responsável pela indicação do cargo.
A estratégia de lotear a máquina pública envolveu cargos com influência de movimentar R$ 38 bilhões em recursos do orçamento, conforme revelou O Estado de S. Paulo no dia 10. O deputado Macedo (PP-CE) votou contra o impeachment. Foi ele o responsável por indicar recentemente o diretor-geral do Departamento Nacional de Obras contras as Secas (Dnocs), Antonio Iran Costa Magalhães, em substituição a Walter Gomes, bancada pelo PMDB. O órgão tem R$ 1,1 bilhão previsto para este ano, sendo R$ 373 milhões em investimentos.
"Na adversidade é que se conhece o caráter dos homens. Em respeito à minha família, à Constituição e por uma democracia plena no País, eu sou não", anunciou Macedo, em plenário. O partido, contudo, não cumpriu nem de longe a promessa original de entregar ao menos 25 dos 45 votos favoráveis ao governo. A bancada, que posteriormente fechou voto a favor do impeachment, deu poucos em favor da presidente.
Mesmo tendo conquistado a bilionária presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o PTN - com 12 deputados - votou em peso contra Dilma. O líder da bancada, Aluísio Mendes (PTN-MA), responsável por indicar Márcio Endles Vale para a Funasa, votou contra. Mas oito deputados da sigla votaram desfavoravelmente à presidente.
Nomeações
A atual e a ex-mulher do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), as deputadas federais Simone Morgado e Elcione Barbalho, votaram a favor da presidente. O filho de Jader e Elcione, Helder Barbalho, é ministro da Secretaria de Portos e, recentemente, o senador emplacou um aliado, o ex-senador Luiz Otávio, na direção-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
O deputado Irajá Abreu (PSD-TO), filho da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, votou contra o pedido. Irajá trabalhou intensamente nos últimos dias com a mãe para virar votos em favor do governo. Kátia, em caso de um governo Temer, não deve ficar na Esplanada.