Para ele, o que mais o impressionou neste domingo, durante a votação na Câmara, foi a participação popular pacífica. "Estamos passando por um momento difícil e não houve conflito, e isso é muito importante. O sentimento democrático está se realizando no povo", ressaltou. Cardoso defendeu que nesse momento é preciso evitar o 'isolacionismo'. "Mas, pelas circunstâncias, sou obrigado a reconhecer que o governo não tem mais condições de governar, além de ter arranhado a Constituição", afirmou.
Sobre a possibilidade de haver novas eleições gerais, FHC enfatizou que a medida não está prevista na Constituição.
Questionado sobre uma eventual perda de protagonismo do PSDB para o PMDB na coordenação do impeachment de Dilma, FHC rebateu que o processo não foi definido pelo PMDB, mas pelo povo. "O PSDB tem uma força relativa no Congresso: não é majoritário, porém tem que entender seu papel que é ajudar a construir o Brasil. Os partidos não têm mais o protagonismo solitário do passado. São importantes, levam as reivindicações para serem institucionalizadas, mas uma andorinha só não faz verão", ressaltou. Discurso parecido foi usado quando respondeu se o PMDB tem condições de fazer as mudanças necessárias ao País. "Nenhum partido sozinho pode fazer o que quiser. O PMDB tem cerca de 12% do Congresso.
Programas sociais
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também defendeu que o Estado brasileiro se preocupe não apenas com a elaboração e o cumprimento de programas sociais, mas também com a análise de seus resultados. Ao citar pontualmente o ProUni e a reforma agrária, FHC afirmou que há um tabu no Brasil em relação a comparações e análises de resultados.
"Ninguém desapropriou mais terra do que eu. Agora, nunca se avaliou a reforma agrária. O custo da reforma agrária é elevado, e qual foi o resultado? Alguns devem ter sido bons, outros não. Mas não se avalia, há um tabu", afirmou o ex-presidente. Segundo ele, não se averigua o que foi feito com a terra concedida, se o beneficiário a tornou produtiva ou se a vendeu. "Entrou no orçamento, torna-se perene. Na Educação é um pouco isso também", disse.
Ao comentar o ProUni, um programa da gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, FHC continuou com as críticas. "O ProUni criou universidades privadas.
O ex-presidente participou da conferência "Desafios ao Estado de Direito na América Latina - Independência Judicial e Corrupção", promovida pela FGV Direito SP, pelo Bingham Centre for the Rule of Law (Londres) e pelo escritório global de advocacia Jones Day, em São Paulo..