Centrais sindicais definem estratégias para quadro atual e defendem rejeição a governo Temer

Representantes de entidades sindicais consideram que vice-presidente não teria legitimidade para assumir Presidência da República e prometem mobilização para barrar impeachment no Senado

As principais centrais sindicais do País ainda não definiram as próximas ações após a decisão do Congresso na noite de domingo, 17, mas algumas falam em questionar a legitimidade de um eventual governo Michel Temer.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) avalia em reuniões nestas terça e quarta, 19 e 20, com outros grupos contrários à saída da presidente Dilma Rousseff, como a Frente Brasil Popular e a Frente Povo sem Medo, medidas para pressionar o Senado a votar contra o impeachment.

Por enquanto, a entidade decidiu realizar um ato no dia 1º de Maio, na Avenida Paulista, com a presença de políticos e artistas chamado de Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora.

"A ideia é fazer um grande 1º de Maio para derrubar a ponte e garantir o futuro do País", disse Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), aliada da CUT. Ele faz referência ao programa "Uma ponte para o futuro", do PMDB do vice-presidente Temer. "Vamos lutar muito para barrar o processo de impeachment", afirmou.

A Força Sindical, comandada pelo deputado do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, optou por não se posicionar contra ou a favor do impeachment porque seus filiados estão divididos. "Estamos preocupados com ações do meio empresarial junto a um possível novo governo com propostas contra os interesses dos trabalhadores", declarou João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da entidade.

A Força mantém a festa do 1º de Maio na Praça Campo de Bagatelle, zona Norte de São Paulo, no mesmo perfil de anos anteriores. A União Geral dos Trabalhadores (UGT) também não declarou apoio aberto contra ou a favor do afastamento de Dilma. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, prepara ato para o 1º de Maio no Estádio Poliesportivo, em São Bernardo do Campo (SP), com o tema principal voltado à questão do emprego. Na segunda, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força, afirmou que não aceitará qualquer mudança na CLT.

Greve

Já os petroleiros estudam entrar em greve geral em reação à vitória do impeachment no Congresso.
Lideranças da Federação Única dos Petroleiros (FUP) devem definir hoje um cronograma de mobilizações. "Com certeza teremos grande adesão. Nas áreas operacionais, o tema da privatização da empresa reúne toda a categoria contra um governo sem legitimidade", afirmou Deyvid Bacelar, diretor da FUP. "Se querem ver o que podemos fazer, não vão conseguir governar", reforçou.

Representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística, João Paulo Estausia disse que, numa eventual confirmação no Senado do afastamento de Dilma, o movimento sindical não reconhecerá um governo Temer. "Ele não tem legitimidade para assumir. Se isso ocorrer, vamos desestabilizar o novo governo", afirmou..