Brasília, 19 - Para o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), a permanência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Casa está insustentável. Cunha é acusado de mentir na CPI da Petrobras sobre possuir contas na Suíça. "Acho que ele deveria renunciar e deixar espaço para outro parlamentar, mas a decisão seria dele e há um processo em curso", disse Pauderney. "Eu defender é uma coisa, ele sair é outra", completou.
Ontem, partidos do Centrão (PP, PR e PSD) e parte da oposição afirmaram que iriam blindar Cunha para salvá-lo da cassação como uma retribuição por ele ter apoiado o processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff. "O processo do presidente Eduardo Cunha está se encaminhando para o final no Conselho de Ética. Depois, o processo vem para o plenário. Não deverá haver mais procrastinação", afirmou o líder do DEM.
Pauderney defendeu que o partido continuará a apoiar as investigações da Justiça, "independente de quem esteja sendo investigado". "O momento é de muita gravidade política, econômica, social, ética e moral. Precisamos ter efetivamente essa situação o mais rapidamente possível resolvida. Seja lá com quem for, da presidência da República até o deputado que estiver envolvido nesse processo".
O parlamentar fez ainda um apelo ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para que ele acelere o rito do impeachment na Casa. O líder do DEM na Câmara disse ter visto com "estranhamento" a decisão de Renan de adiar para a próxima semana a instalação da comissão especial. "A Câmara fez o seu papel, esperamos que Renan também cumpra aquilo que está estabelecido nas leis."
"Me estranha muito essa decisão do presidente Renan Calheiros. Faço um apelo para que ele possa refazer essa sua decisão. Já que ele deveria instalar essa comissão deveria ser eleita na sexta e portanto não pode postergar. O Brasil tem pressa, não pode esperar mais, nós temos que cumprir o que está na lei. Renan não tem o direito de esbofetear uma decisão do povo."
O democrata também viu com estranheza o encontro, nesta segunda, 18, entre Renan, Dilma e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. "Ele tem direito de reunir com eles, afinal de contas são os chefes dos poderes. Não estou deslegitimando a sua representação e esses encontros, mas acho que ele poderia aguardar para que esse procedimento não sofra qualquer influência", opinou.
Com a Câmara parada desde ontem por causa do feriado de Tiradentes, o líder do DEM sinalizou que a oposição vai dificultar as votações na Câmara até uma decisão do Senado. "Não temos nenhum compromisso de aprovar medidas provisórias de um governo em estado terminal. Votar até podemos, mas seremos contra. Não vemos mais como esse governo possa ter legitimidade para encaminhar propostas para o Congresso Nacional."