São Paulo, 20 - A defesa do doleiro Leonardo Meirelles, condenado na Operação Lava Jato, afirmou nesta quarta-feira, 20, que sua delação premiada foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Leonardo Meirelles foi sócio do doleiro Alberto Youssef, um dos personagens principais da investigação sobre corrupção e propina na Petrobras. Ele era usado por Alberto Youssef para enviar dólares ao exterior e disponibilizar moedas em reais no Brasil.
Meirelles é o dono formal das indústrias de medicamentos Labogen e Piroquimica. Elas participaram do esquema de tentativa de contrato milionário com o Ministério da Saúde, que envolveu o ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados André Vargas (ex-PT, hoje sem partido/PR), o doleiro Youssef e o ex-ministro do governo Collor Pedro Paulo Leoni Bergamaschi, o PP, do grupo GPI Investimentos.
O doleiro disse que movimentou cerca de US$ 140 milhões no exterior a pedido de Youssef. Leonardo Meirelles afirmou ter ouvido do doleiro, durante ‘almoço informal’, que o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), foi destinatário de uma propina de US$ 5 milhões. Leonardo Meirelles foi intimado para depor na Justiça Federal no Paraná no dia 9 de maio.
Leonardo Meirelles depôs em 7 de abril como testemunha de acusação no processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Câmara no Conselho de Ética da Casa. Na sessão, ele reafirmou que o doleiro Alberto Youssef havia confirmado a ele que repassou cerca de US$ 5 milhões ao presidente da Casa a mando do lobista Júlio Camargo. Segundo Meirelles, esse montante, contudo, foi repassado em espécie.
No depoimento, o doleiro afirmou não ter “a princípio” conhecimento de ter feito transferências bancárias de contas de suas empresas para contas do presidente da Câmara no exterior. Também disse não saber se Eduardo Cunha possui contas secretas fora do País, como apontam as investigações da Operação Lava Jato.
Cunha é alvo de processo no Conselho e Ética sob acusação de ter mentido justamente que não tinha contas secretas no exterior, durante depoimento à CPI da Petrobras na Câmara em 2015. Investigações da Lava Jato, contudo, apontam que o peemedebista possui contas na Suíça, que foram supostamente abastecidas por recursos desviados da petrolífera.
Eduardo Cunha nega taxativamente recebimento de propina. Após o depoimento de Meirelles, o deputado disse que o depoimento do doleiro no Conselho de Ética da Casa foi “absolutamente desnecessário”. Segundo o peemedebista, Meirelles não trouxe nenhum fato novo.