Ouro Preto – A homenagem a personalidades e entidades mineiras na cerimônia da Medalha da Inconfidência, na manhã de ontem, em Ouro Preto, se tornou um ato contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Mujica fez um discurso relembrando a luta para que a democracia se estabelecesse na América Latina e a importância da participação popular na política. Ao longo de toda a cerimônia, o público presente na Praça Tiradentes, Centro da cidade histórica, gritou contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB), e o vice-presidente Michel Temer (PMDB), chamado de golpista e traidor.
Pimentel relembrou o movimento dos inconfidentes como exemplo histórico brasileiro pela luta pela liberdade e emancipação política de Portugal. Para ele, a luta pela liberdade nos dias de hoje se trava em nome do direito de a população escolher seus representantes, se referindo ao processo de impeachment da presidente Dilma. “Neste momento dramático da vida nacional é preciso renovar o compromisso da nação. Dia 21 de abril é uma das datas mais importantes da nossa história, de luta pela liberdade. Há exatos 224 anos, Tiradentes foi executado por lutar pela liberdade.
Ao contrário da cerimônia do ano passado, quando o acesso à Praça Tiradentes foi liberado, o evento de ontem teve entrada restrita e controlada. A praça foi cercada por grades e só entraram pessoas com autorização. Vários integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) participaram da cerimônia, que abriu a primeira etapa de uma marcha que farão em defesa da democracia, com chegada a Belo Horizonte prevista para domingo. O público levou várias faixas e cartazes com críticas ao vice-presidente Temer e pedindo a prisão de Eduardo Cunha. Também houve manifestações em defesa da presidente Dilma Rousseff, com gritos de “não vai ter golpe”. Quando o vice-governador Antônio Andrade (PMDB) foi chamado ao palco para entregar as medalhas, parte da plateia vaiou e gritou contra o PMDB.
Em seu discurso, Pimentel cobrou uma postura mais moderada dos principais líderes políticos do país para que o governo consiga estabilizar a economia. “Sem pacificação na arena política não vamos encontrar solução para a economia. (…) As conquistas sociais são um legado de todos os brasileiros, não deste ou daquele partido. A pacificação não será obtida por meio de artimanhas jurídicas e políticas que buscam confundir a consciência de nossa gente”, disse o governador.
“Luta eterna” O ex-presidente do Uruguai José Mujica foi o mais festejado ao longo de toda a cerimônia. Usando calças jeans, camisa e blusa de frio, simplicidade que sempre adotou até mesmo como chefe de Estado, Mujica esteve acompanhado de sua mulher, a senadora Lucía Topolansky, e saudou a bandeira do MST ao entrar na cerimônia. Ele fez um discurso relembrando a importância das conquistas sociais dos países da América Latina e citou os avanços do Brasil como exemplo para o mundo. “Mineiros, a vida me ensinou algumas coias.
Mujica ressaltou a importância do respeito aos resultados das urnas e alertou que o maior perigo para o futuro brasileiro em um momento de grande crise é que os jovens se tornem desesperançosos com a política. “A democracia nunca será perfeita, porque é uma construção humana e nós seres humanos não somos perfeitos. A sociedade terá conflitos, até porque não vivemos sozinhos, apesar de sermos muito diferentes. Por isso, precisamos da política. A função da política é limitar as dores e injustiças, estimular a luta por um mundo melhor. O pior resultado que pode existir para as novas gerações brasileiras é que muitos podem pensar que a política não serve para nada e que deixem de participar”, discursou Mujica..