Porta-voz do Itamaraty não vê 'ruptura democrática' com impeachment

Hipótese foi levantada em março pela chanceler argentina, Susana Macorra, que propôs reunião de emergência para apoiar governo brasileiro

Buenos Aires, 22 - O embaixador Frederico Meyer, porta-voz do Itamaraty, afirmou que não houve "ruptura democrática" no Brasil que justificasse uma sanção ao País no Mercosul.
Em março, a chanceler argentina, Susana Macorra, disse que o Mercosul discutia a convocação de uma reunião de emergência do bloco para apoiar o governo brasileiro e analisar eventual punição em caso de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

De acordo com Meyer, a chamada cláusula democrática, usada para suspender o Paraguai em 2012, só pode ser aplicada se houver violação à democracia, e isso não ocorreu no Brasil. "No Brasil, que eu saiba, não houve nada que justificasse ou se pudesse atribuir a uma ruptura democrática", afirmou embaixador ao jornal O Estado de S. Paulo. O integrante da cúpula do Itamaraty acrescentou que, no caso paraguaio, a suspensão foi aplicada após o impeachment relâmpago sofrido por Fernando Lugo.

A diferença ressaltada pelo funcionário é aprofundada pelo diplomata Juan Pablo Lohlé, que comandou a embaixada da Argentina em Brasília entre 2003 e 2010, período em que o kirchnerismo conviveu com o PT no poder. "O que aconteceu no Paraguai e o que ocorre no Brasil é bem diferente, assim como a característica dos países. No Brasil, um processo está em curso. É muito difícil para um organismo multilateral como o Mercosul opinar agora.
No caso do Lugo, a decisão de suspensão ocorreu no fim do processo", avaliou.

O plano de mobilizar o Mercosul para defender o governo Dilma não foi adiante e não há perspectiva de que se concretize. Segundo um integrante da chancelaria argentina, a reunião que o chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, organizava às pressas não se concretizou porque o Itamaraty não gostou de "ser ajudado sem ter pedido auxílio externo". As informações são do jornal

O Estado de S. Paulo..