São Paulo - O presidente do PT, Rui Falcão, voltou a classificar de "golpe" o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e criticou um eventual plano de governo do vice-presidente, Michel Temer (PMDB). "Comanda o golpe o vice-presidente da República, que registra 1% de intenção de voto, caso passasse pelo teste das urnas. E que acumula nas pesquisas uma rejeição próxima de 80%", afirmou. "Traidor de sua colega de chapa, contra a qual conspira abertamente, Temer já anunciou um programa antipopular, de supressão de direitos civis e sociais, de privatizações e de entrega do patrimônio nacional a grupos estrangeiros."
No dia em que o Senado define os membros da comissão especial que analisará o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o Partido dos Trabalhadores realiza em São Paulo um seminário internacional da Aliança Progressista, com o tema "Democracia e Justiça Social". O evento tem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de líderes de organizações partidárias da África, Ásia, América Latina, Oceania e Europa, entre elas o PRD do México, o Partido Democrático Italiano e o Social Democrata (SPD) alemão.
Na abertura do evento, Rui Falcão disse que seu partido não dará trégua a um eventual governo Temer. "Se a oposição de direita insistir na deposição da presidenta, reafirmamos que não haverá trégua nem respeito a um governo usurpador, sem o referendo do voto popular e, portanto, ilegítimo e ilegal", afirmou. "Esperamos contar com a solidariedade dos democratas de todos os países para que este atentado à democracia não se consume. Juntos, poderemos resistir e derrotar as forças do ódio, da intolerância e do retrocesso", disse o dirigente petista em seu discurso.
Aos líderes da aliança progressista, o presidente nacional do PT argumentou que o impeachment está previsto na Constituição, mas que só é válido quando há a comprovação de algum crime, o que, segundo ele, não é o caso. "Todos sabem que a presidenta Dilma não cometeu crime algum, ao contrário do seu principal algoz", numa referência ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), réu no Supremo Tribunal Federal (STF).
"O fato é que vivemos um novo e indigno capítulo da nossa história: após 31 anos de vida democrática, um golpe de Estado busca depor a presidenta Dilma Rousseff, a primeira mulher a governar o Brasil e que foi reeleita em 2014 com mais de 54 milhões de votos", disse, conclamando os membros da Aliança Progressista a engrossar as fileiras essa luta em prol do governo de sua correligionária.
Para Falcão, o que classifica de "escalada golpista" só foi possível graças à "participação ativa do grande capital, de setores do aparato policial e judicial do Estado, mancomunados com a mídia monopolizada e a oposição de direita". Ele disse que, em nome do combate à corrupção, o ex-presidente Lula vem sendo alvo de um "festival de investigações seletivas, dirigidas contra ele e contra o PT".
Em frente ao hotel onde ocorre o seminário, grupos pró-impeachment e a favor do governo Dilma Rousseff protestam. A Polícia Militar teve que se colocar entre os dois grupos para evitar confronto.