Para o delegado, também é inviável se estender por tempo indeterminado os inquéritos policiais "sob o pretexto de se aguardar a exaustiva e integral análise dos materiais apreendidos por ocasião de cada uma das fases da aludida operação policial".
As afirmações de Pace revelam as dificuldades, até estruturais, da intensa rotina de trabalho da equipe da Lava-Jato para manter o passo das investigações em Curitiba.
O "desabafo" do delegado foi feito no âmbito de um inquérito que tem como alvos o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada, já condenado a 12 anos e dois meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, e o lobista e ex-gerente da estatal João Augusto Resende Henriques, condenado a seis anos e oito meses de prisão pelos mesmos crimes, além de outros investigados. Os dois são apontados como cota do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras e que teriam sido "apadrinhados" pelo vice-presidente Michel Temer.
A investigação, que começou em setembro de 2015 para apurar as suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas por parte dos investigados acabou revelando novas offshores, contratos de fachada e estratégias de ocultação de bens dos investigados envolvendo até familiares e conhecidos deles no Brasil, além de novos contratos da Petrobras nos quais teriam ocorrido pagamento de propinas de empresas internacionais.
Diante do grande volume de descobertas e indícios que podem levar a novos crimes, o delegado Filipe Pace apontou que "não há razoabilidade e possibilidade fática e humana a se apurar, no presente inquérito, todos os crimes que possam ter sido praticados pelos indiciados em desfavor da estatal brasileira".
Ele lembra ainda que há fatos envolvendo Zelada e Henriques ainda sob "investigações sigilosas e que novos fatos que vierem à tona vão dar origem a novos inquéritos, indicando que a investigação do núcleo do PMDB no esquema está longe de ser encerrada".