Um dos últimos integrantes do PMDB a ficar no governo, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, entregará carta de demissão à presidente Dilma Rousseff na tarde desta quarta-feira. Em conversa com a reportagem, Castro disse que a decisão foi anunciada ontem ao ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência, Jaques Wagner.
"Entrego hoje minha carta de demissão à presidente Dilma. Informei ontem ao Jaques Wagner", afirmou Castro que até o momento não havia conversado com o vice-presidente Michel Temer.
Deputado federal, eleito pelo Piauí, Castro ressaltou que a decisão foi tomada em razão de se sentir isolado após outros integrantes do PMDB deixarem o governo Dilma. O desembarque vem ocorrendo na medida em que o processo de impeachment avança no Congresso.
Na última quarta-feira, Eduardo Braga (PMDB-AM), que comandava o ministério de Minas e Energia, e Hélder Barbalho (PMDB-PA) a Secretaria de Portos, entregaram as respectivas cartas de demissão no Palácio do Planalto. Ambos foram indicações da bancada do PMDB do Senado, onde tramita atualmente o processo de afastamento de Dilma.
"Só ficou eu e a Kátia Abreu (ministra da Agricultura). Todos os outros foram saindo e eu fiquei sozinho. Acabou, então, que fiquei desconfortável em ser o único em descumprir decisão do partido. Parecia que estava confrontando o partido", considerou Castro ao se referir à decisão da executiva nacional do partido, tomada no último mês de março, pelo rompimento com o Palácio do Planalto.
Indicado pela bancada do PMDB da Câmara, o ministro tomou posse em outubro do ano passado. Sua passagem pelo ministério foi marcada por declarações polêmicas e que acabaram por ampliar o desgaste do governo no combate a doenças da dengue e do zika. Em visita à Sala de Situação do Distrito Federal para Controle da Dengue, em Brasília, realizada em janeiro, o ministro disse que o País estava perdendo "feio" a guerra contra o Aedes aegypti.
Apesar do desgaste com as declarações, o peemedebista foi mantido no cargo e chegou a ser exonerado na véspera da votação do processo de impeachment na Câmara, ocasião em que se manteve ao lado do governo e votou contra o afastamento de Dilma. Dois dias depois da votação na Câmara, realizada no último dia 17, ele foi renomeado ministro.