Brasília - A comissão especial do impeachment no Senado se reúne na tarde de hoje para ouvir a acusação contra a presidente Dilma. Falarão ao colegiado os autores da denúncia contra a presidente da República: Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal. Por motivos de saúde, Hélio Bicudo, também autor do pedido de impedimento, não comparecerá. De acordo com Janaína, a linha de argumentação será a mesma adotada na Câmara. Os juristas apontam que Dilma cometeu crime de responsabilidade ao editar decretos presidenciais sem autorização do Congresso e pela contratação ilegal de operações de créditos, as chamadas pedaladas fiscais. Amanhã, pela defesa da presidente, falarão, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo; os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Kátia Abreu (Agricultura); e um representante do Banco do Brasil.
No início da tarde dessa quarta-feira (27), em clima mais tranquilo e num plenário mais esvaziado, os senadores concluíram a segunda sessão das 10 previstas, com longos discursos para os dois lados. Logo no começo, foram aprovados requerimentos de oitiva de testemunhas de acusação e de defesa para esta semana e para segunda e terça-feira que vem, de forma a garantir dois dias para a defesa e dois para a acusação. Por dia, só serão permitidas, no máximo, quatro manifestações, que juntas não poderão ultrapassar o tempo de duas horas.
Além dos juristas autores do pedido de impeachment, foram escalados para falar pela acusação o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso; o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira; e o professor do Departamento de Direito Econômico-Financeiro e Tributário da Universidade de São Paulo (USP) Maurício Conti.
Apesar de ter sido mais tranquila, a sessão dessa quarta-feira (27) teve momentos de tumulto entre a oposição e governistas. Um dos questionamentos foi o convite a um representante do BB. “Estamos assistindo a base do governo tergiversar para tentar responsabilizar outras pessoas pelos atos errados da presidente (...) Não vejo por que buscar explicações de um banco público que sofreu com o modo errado que a presidente agiu”, disse o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO). “Queremos apenas que o banco explique o contrato de prestação de serviços com o governo, que é a operação do Plano Safra. Não precisa temer”, rebateu Gleisi Hoffmann (PT-PR).
O relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) deverá ser votado no dia 6, e a votação no plenário que pode decidir pelo afastamento de Dilma por 180 dias será no dia 11.
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