Correndo contra o tempo para reverter a crise econômica, o vice-presidente, Michel Temer, já escolheu dois projetos prioritários para serem aprovados pelo Congresso, assim que assumir o Planalto: a flexibilização da meta de superavit primário, proposta pela equipe econômica de Dilma Rousseff; e a desvinculação de recursos da educação e saúde. Para a equipe de Temer, essas propostas reequilibrariam fiscalmente o país sem a necessidade de aumento de impostos.
A retomada do crescimento não viria apenas desses projetos. Em paralelo, o atual presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Wellington Moreira Franco, tentará destravar as concessões e as parcerias público-privadas (PPPs) de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e setor de óleo e gás. A tarefa ficará a cargo do grupo especial de trabalho que será criado, vinculado diretamente à Presidência da República, e à qual estarão ligadas as agências reguladoras de cada setor. “O financiamento do país virá das concessões e das exportações”, disse um interlocutor do PMDB.
Mas Temer dependerá da boa vontade do Congresso para aprovar as medidas de ajuste fiscal que considera prioritárias. Elas já foram expostas pelo vice-presidente ao provável ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que poderá acrescentar outros pontos posteriormente. Mas será o futuro titular do Planejamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), o responsável pela negociação do pacote econômico do governo com o Congresso.
Líder dos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff, Jucá é visto como um político habilidoso, com boa interlocução no Congresso, sobretudo no Senado, e conhecimentos econômicos suficientes para fazer o diálogo com os parlamentares. Será auxiliado pelo secretário de Governo de Temer, o ex-deputado e ex-ministro Geddel Vieira Lima.
A tendência é de que, num primeiro momento, um eventual governo Temer consiga ter tranquilidade para negociar com o parlamento.