São Paulo - O senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que esteve reunido nesta quinta-feira, 28, com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e com o presidente nacional de sua sigla, deputado Roberto Freire (SP), disse nesta sexta-feira, em entrevista à Rádio Estadão, que não pretende assumir um ministério em um eventual governo do peemedebista. Depois do encontro no Palácio do Jaburu, ele saiu como um dos nomes cotados para assumir a pasta da Cultura. Contudo, na entrevista destacou: "Não farei parte do governo Temer, se for chamado, direi não."
Sobre a sessão desta quinta-feira na Comissão Especial do Impeachment no Senado, onde foram ouvidos os autores do pedido, os juristas Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, Buarque disse que ficou frustrado com a falta de explicitação dos crimes sobre os quais Dilma é acusada. E criticou o fato de Reale Jr. não ter ficado até o final da sessão para responder aos questionamentos dos parlamentares, alegando que tinha consulta médica. "Repito o que disse, ele é escravo deste ato pois assinou um pedido de afastamento da presidente da República. Além disso, não vi grandes contribuições técnicas da doutora Janaína, não vi também (de seus colegas) um debate aprofundado e a preocupação em levar à população os esclarecimentos sobre se a presidente Dilma cometeu tais crimes."
Nesta sexta-feira, 29, a comissão ouve a defesa de Dilma, com o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, e os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e da Agricultura, Kátia Abreu. Sobre o papel da AGU na defesa, criticada por alguns setores da oposição, o senador do PPS disse que ele não está defendendo a figura de Dilma, mas sim a da presidente da República, por isso não se sente "incomodado" com isso.
Buarque voltou a defender que o melhor caminho para sair da atual crise seria por meio de eleições gerais. Mas, reconheceu que no momento não vê como isso poderia ser feito em tempo hábil. E disse que um eventual governo Temer não terá a estabilidade necessária em razão dos pedidos de impedimento que poderão ser impetrados também contra ele, baseados na tese do PT e dos aliados do governo de que o peemedebista também assinou decretos que podem ser enquadrados nas chamadas pedaladas fiscais.
Apesar da avaliação, o senador acredita que a eventual substituição de Dilma Rousseff - se o Senado aprovar a continuidade do processo de impeachment, na votação da próxima semana, ela será afastada por um prazo de até seis meses - será benéfica para o País. "A substituição de Dilma trará alívio, com Temer ou com qualquer outro. O problema é depois, precisamos saber se ele vai conseguir tomar as medidas necessárias para controlar a dívida e a inflação e retomar o crescimento e implantar a reforma política. Alívio trará, mas será preciso aguardar as consequências."