"E eu já deixei clara a minha posição sobre a CPMF ou qualquer aumento de impostos", disse. "É natural que quando o governo dá um bom exemplo, reduz os gastos, seus desperdícios, recupera a confiança, cria condições para reduzir os juros, o que mais uma vez reduz despesas", destacou.
Perguntado se deixaria de apoiar o governo Temer caso subisse impostos para ajudar no ajuste fiscal, Skaf respondeu: "Eu não apoiarei aumento de impostos em hipótese nenhuma." Ele também afastou a possibilidade de fazer parte do Ministério de Michel Temer. "Não. Eu tenho compromisso onde eu estou e não há essa possibilidade."
O presidente da Fiesp disse que conhece vários analistas que avaliaram ser possível o governo reduzir despesas. "No Orçamento de 2016, tem um déficit primário.
Segundo Skaf, o retorno da credibilidade na gestão da economia pelo eventual novo governo pode permitir a redução dos juros, o que pode gerar uma redução significativa do déficit nominal, algo que também não depende de elevação de tributos.
"Com a reversão desse crescimento negativo, de menos 4% (em 2016), no momento que você tem um crescimento positivo, cada ponto que cresce o PIB cresce 1,5 (ponto porcentual) a arrecadação", disse o presidente da Fiesp.
Skaf também apontou que devido às condições fracas do nível de atividade, o governo também deve economizar recursos neste ano com investimentos públicos, mas afirmou que não haverá cortes de despesas dos programas sociais. "Já falei que não, não existe corte de programa social", disse. Ele ponderou que alguns especialistas que estudaram as contas públicas consideram que a administração federal pode fazer ajuste fiscal com corte de gastos sem a necessidade de redução dos dispêndios na área social.
Ministério
Skaf evitou fazer considerações diretas sobre a formação do ministério de um eventual governo Temer. O empresário também não quis comentar a possibilidade de Henrique Meirelles assumir o Ministério da Fazenda. Na época em que Meirelles foi presidente do Banco Central, Skaf fez várias criticas à postura do banco de elevar as taxas de juros.
"O que está em jogo não é pensamento da Fiesp, nem de ninguém, é o interesse da Nação", disse Skaf. "Cabe ao presidente escolher os seus ministros. A responsabilidade de um governo é do presidente", apontou.
Ele também não fez comentários sobre as informações de que o senador José Serra poderia assumir um superministério das Relações Exteriores. "Isso não é uma questão para mim. Caso decidido pelo Senado de receber o processo de impeachment, respeitando a decisão do Senado, cabe ao vice-presidente, caso assuma a presidência, resolver sobre seus ministros, sobre seu ministério."
Sobre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Skaf disse que "em momento nenhum foi cogitada a extinção (da pasta)". Há informações de que a área que envolve o comércio exterior relativa ao MDIC faria parte do Ministério das Relações Exteriores.
"O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio tem importância bastante grande e é natural que haja por parte do vice-presidente uma preocupação em rever e reavaliar tudo", disse Skaf. Ele citou que o ministério é abrangente e "está se fazendo uma avaliação a exemplo de todos os ministérios."
Sobre a reunião com Temer, o presidente da Fiesp não deu detalhes sobre os temas tratados por pouco mais de duas horas. "Trocamos ideias sobre a situação do Brasil", comentou.
"O vice-presidente está muito cauteloso, no sentido de aguardar com muito respeito a decisão final do Senado Federal. Sempre com muita cautela, ele repete isso. Vamos aguardar", ponderou Skaf.
O presidente da Fiesp negou que Temer esteja interessado em disputar as eleições presidenciais de 2018. "Eu quero dizer a vocês que em momento nenhum o vice-presidente fala em reeleição. A preocupação única dele neste momento é encontrar caminhos para a nação brasileira, caminhos para essa situação de crise econômica, crise política, e não está pensando nada de reeleição", disse. "Agora, conversar, trocar ideias, ouvir, é o que ele tem feito e é muito natural e muito bom que ele faça.".