“O primeiro grande desafio de um eventual governo Michel Temer é restaurar a confiança na solvência futura do Estado brasileiro”, afirmou Meirelles aos jornalistas, na saída do encontro. Seguro da missão que deverá assumir ao longo do futuro governo, o ministeriável defendeu a aprovação de medidas que “restaurem a confiança, aumentem o investimento, as contratações e a concessão de empréstimos”.
Embora, em tese, esta tarefa esteja destinada ao futuro ministro do Planejamento, Romero Jucá, Meirelles mantém o otimismo na atuação do Congresso. Ontem, o Correio mostrou alguns projetos que estão no rol de prioridades, como a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU), desvinculação de recursos para saúde e educação e alterações na meta de superavit primário. “Existe hoje uma consciência nacional que precisa restaurar o equilíbrio macroeconômico para que o Brasil volte a crescer e beneficiarmos todos os brasileiros.”
Na quinta-feira, Temer já havia se encontrado com dirigentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que entregaram a ele um documento com 36 pontos passíveis de retomar o crescimento do setor produtivo. O texto é dividido em tópicos: eficiência do Estado para garantir a sustentabilidade fiscal; segurança jurídica nas relações do trabalho; reforma tributária; aceleração na concessão para obras no setor de infraestrutura; priorização das exportações; regularização do crédito para as empresas; segurança jurídica e regulação; e inovação.
Preocupações
Há dois anos, durante a disputa presidencial de 2014, a CNI fez um debate com os pré-candidatos ao Planalto — Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) — e entregou um documento listando as principais preocupações do setor. “De lá para cá, se é verdade que o câmbio melhorou a situação dos exportadores, a recessão se agravou, a situação financeira das empresas se deteriorou visivelmente e a situação fiscal piorou”, disse o diretor de políticas e estratégia da CNI, José Augusto Fernandes.
Fernandes afirma que as principais tarefas do futuro governo passam pela retomada da confiança do empresariado, reformas trabalhistas, tributária e uma melhoria na parte operacional das concessões de infraestrutura. O diretor da CNI acredita que Meirelles, caso seja efetivado no comando do Ministério da Fazenda, está à altura do desafio.
Ontem foi a vez de Temer se reunir com o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que reforçou a necessidade de um ajuste fiscal no país, mas ele deve passar pela diminuição das despesas, não pela alta de impostos. “É lógico que é muito cômodo você chegar, entrar e falar: vamos aumentar impostos”, disse Skaf. “Só que a economia não permite, o estado das empresas não permite, a sociedade não aceita mais. Então, não há essa condição.”.