Entre os ministros que permanecem aliados do governo federal desde 2011 estão Aloizio Mercadante, da Educação; José Eduardo Cardozo, que assumiu neste ano a Advocacia-Geral da União (AGU) e se tornou o principal defensor do governo no Congresso Nacional; e as ministras Tereza Campelo, do Desenvolvimento Social, e Izabella Teixeira, do Meio Ambiente. Também permanece no cargo o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que tem status de ministro.
Ex-titular da Justiça, José Eduardo Cardozo foi atacado por parlamentares e lideranças petistas que cobravam uma atuação mais forte do então ministro para controlar as ações da Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Lava-Jato. O ministro deixou o cargo apenas quatro dias antes de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser conduzido coercitivamente por agentes da PF para prestar depoimento. Cardozo foi nomeado advogado-geral da União e ficou responsável pela defesa da presidente Dilma na Câmara e no Senado. Sua atuação foi elogiada por juristas e aliados do Planalto, que consideraram que o advogado-geral conseguiu refutar todos os pontos da denúncia do impedimento.
A senadora paranaense Gleisi Hoffmann participou do governo Dilma como ministra-chefe da Casa Civil – vaga que deixou para disputar o governo estadual em 2014 – e questiona os motivos para o impedimento da petista.
Já Kátia, uma das principais representantes da bancada do agronegócio, se tornou nos últimos anos uma das principais conselheiras e articuladoras da presidente Dilma. A ministra da Agricultura é a única do PMDB que continua no governo federal e, desde que assumiu o ministério, em janeiro de 2015, desenvolveu uma relação próxima da presidente.
Ela foi uma das escolhidas para apresentar a defesa de Dilma na comissão do Senado que discute o impeachment, ao lado de Cardozo e do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Kátia argumentou que os atrasos de pagamentos aos bancos públicos, prática conhecida como “pedalada fiscal”, foi um marco para o setor da agricultura e não pode ser entendido como um crime de responsabilidade uma vez que as operações de crédito não podem ser consideradas empréstimos feitos ao governo. “Acredito na idoneidade e na honestidade da presidente”, afirmou.
ASSESSORES Dois assessores próximos da presidente Dilma também deixaram o governo após integrar sua equipe de apoio pessoal desde sua atuação como ministra de Minas e Energia, no governo Lula. O geólogo Gilles Azevedo, que tem relação próxima com a presidente desde os tempos em que ela era filiada ao PDT do Rio Grande do Sul, deixou o governo em março. Ele era considerado braço direito de Dilma desde a época em que ela era ministra e atuou como chefe do gabinete presidencial.
Anderson Braga Dorneles, outro assessor que acompanhava a presidente desde os tempos de Porto Alegre, também deixou o governo no início deste ano. Dorneles era tratado como filho por Dilma, chamado carinhosamente de “bebê” e “menino”. Ele tinha 13 anos quando a conheceu. Trabalhava como office-boy na Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul, da qual Dilma era presidente na época. Quando ela foi nomeada pelo ex-presidente Lula ministra de Minas e Energia, Dorneles a acompanhou para Brasília.
NOVOS INIMIGOS A lista dos que passaram a criticar o governo Dilma é mais extensa do que a dos que permaneceram fiéis. Entre os 37 ministros iniciais, vários mudaram de lado ao longo dos pouco mais de cinco anos. Alguns se tornaram peças-chave nos embates com o Palácio do Planalto.
Na votação da Câmara dos Deputados, em 17 de abril, em que o governo foi derrotado e foi aprovada a admissibilidade da abertura do processo de impeachment, os ex-ministros dos Transportes Alfredo Nascimento (PR) e das Cidades Aguinaldo Ribeiro (PP) declararam votos a favor do afastamento da presidente. Ambos chegaram à Esplanada junto com Dilma, mas avaliaram que ela não deveria permanecer no cargo. Nascimento foi demitido por Dilma apenas sete meses após o início de seu governo, depois que surgiram denúncias de corrupção na pasta que ele comandava.
Já no Senado, onde a votação do impeachment deve ocorrer na próxima semana, pelo menos seis ex-ministros declararam apoio ao impedimento de Dilma. Fernando Bezerra Coelho (PSB) iniciou o primeiro mandato da petista como ministro da Integração Nacional; Garibaldi Alves (PMDB) foi titular da Previdência até janeiro do ano passado; Marta Suplicy (PMDB) comandou a Cultura; Marcelo Crivella (PRB), a pasta da Pesca; e Valdir Raupp (PMDB) era ministro da Ciência e Tecnologia.
Com o enfraquecimento da presidente Dilma, outros ministros que integravam a equipe do governo da petista passaram a articular contra sua permanência no Planalto. Um dos casos mais emblemáticos é de Gilberto Kassab, que recebeu a pasta das Cidades, uma das que têm o maior orçamento para investimentos em obras de infraestrutura, e foi fortalecido pelo próprio governo federal nos últimos anos, especialmente quando fundou o seu partido, o PSD. Na Câmara, o PSD orientou votos a favor do impeachment e, nos bastidores, Kassab é contado para retomar o ministério que deixou em um eventual governo Temer..