Guilherme Waltenberg
Brasília – Um ano depois de abdicar do pronunciamento em cadeia de rádio e televisão como parte das comemorações do 1º de Maio, a presidente Dilma Rousseff aproveitará hoje a festa promovida pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) para anunciar a correção de 5% da tabela do Imposto de Renda (IR) e o reajuste dos benefícios do Bolsa-Família. Esse aumento também será por faixas e representará, de acordo com cálculos da equipe econômica, um impacto de R$ 1 bilhão nas contas públicas.
Dilma participará do evento ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representantes dos movimentos sociais. Nos últimos dias, na iminência de deixar o cargo por causa do processo de impeachment que será votado no Senado, a presidente decidiu acelerar todas as ações sociais e as chamadas bandeiras de esquerda abandonadas ao longo de seu mandato. Aumentou o reconhecimento de terras indígenas, o processo de desapropriação de propriedade srurais, prorrogou por mais três anos o Programa Mais Médicos e, agora, vai corrigir a tabela do IR e os benefícios do Bolsa-Família.
Na última segunda-feira, durante reunião com representantes dos movimentos sociais e o ex-presidente Lula, no Palácio do Planalto, Dilma e o PT definiram três linhas de ação para tentar reverter o impeachment ou criar um discurso político que embale a esquerda até 2018. A primeira é o debate político no Senado, tanto na comissão especial quanto no plenário. Ninguém acredita na reversão da derrota durante a admissibilidade, prevista para o próximo dia 11. Mas há uma tênue esperança de conseguir os 28 votos necessários para barrar o impeachment em setembro.
DEFESA A segunda é a judicialização do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). A tendência é de que o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, continue a defender Dilma mesmo após o afastamento dela. A interpretação é de que isso não fere a quarentena obrigatória dos servidores após deixar a administração pública.
A terceira é a presença maciça dos movimentos sociais nas ruas. Na última quinta-feira, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) já fechou rodovias em diversos estados brasileiros. A CUT quer promover uma paralisação geral no dia 10. E o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) prometeu intensificar as invasões.