Ligado ao PSDB, o ex-presidente do BC disse que não acredita na sobrevivência de Dilma Rousseff no governo, mas que não faria parte de um governo Temer. "É um momento que requer outro perfil, e eu não sou político", justificou.
Apesar disso, elogiou o vice-presidente. "Ele teve coragem de apresentar posições, quando começou a desembarcar desse projeto. O programa 'Uma ponte para o futuro' é um bom roteiro, precisa agora ser executado", afirmou. "Estou menos negativo (quanto ao futuro do Brasil), mas o desafio ainda é grande", declarou Fraga, em sua terceira participação no programa da TV Cultura.
O economista disse ainda que este é o momento ideal para dar início a uma mudança no modelo de desenvolvimento econômico do Brasil. "O modelo populista deu errado, quebrou. A hora de fazer mudanças é agora.
Fraga sugeriu, no entanto, que a equipe econômica de um eventual governo Temer terá de ser cautelosa na implementação de reformas fiscais, em razão do ambiente político conturbado que se espera até as próximas eleições presidenciais, em 2018.
"Num mundo isolado das questões políticas, das outras crises que vivemos, seria essencial jogar no ataque e tentar corrigir os problemas. Mas nesse ambiente complicado, com o País com mais de 30 partidos, vivendo essa tão importante operação Lava Jato, é preciso jogar no ataque no sentido de definir objetivos para a política pública e partir para a execução. Empurrar com a barriga seria bom, dado o colapso (que se desenha) até 2018, mas não fazer nada não é empurrar com a barriga. Para chegar lá (em 2018) o Brasil terá de melhorar bastante", disse.
Para o economista, a prioridade de Temer deveria ser a implementação da reforma da Previdência. "Eu acredito que o País esteja maduro para fazer a reforma da Previdência. As declarações do governo (sobre o tema) têm sido tímidas, e eu entendo, mas vale a pena tentar, seria um passo importante", disse Fraga.
Como exemplo de medidas que poderiam ser adotadas para este tema, ele citou o fim da vinculação da aposentadoria ao salário mínimo e um ajuste nas pensões, "que são extravagantes".
O economista lamentou também que o ajuste fiscal ainda não seja encarado por todas os setores da sociedade como algo urgente. "Não sei como existe gente por aí que diz que as opções são fazer o ajuste ou ser feliz, isso não existe, ou ajusta ou entra num buraco ainda mais profundo, o estrago já foi feito, a melhor coisa é consertar isso tudo que já foi feito", avaliou..