Cidade do Norte de Minas tem a quinta troca de prefeitos

A dança das cadeiras foi provocada por irregularidades que levaram as mudanças no comando de Jaíba

Luiz Ribeiro
Foi reempossado no comando da Prefeitura de Jaíba, de 33,5 mil habitantes, no Norte de Minas, nesta terça-feira, o empresário Jimmy Diogo Silva Murça (PCdoB), eleito em outubro de 2012 e afastado um ano depois.
Ele retornou ao cargo depois de conseguir na Justiça a anulação da cassação do seu mandato pela Câmara de Vereadores. Foi a quinta troca de prefeito na cidade nos últimos quatro anos.

Em novembro de 2013, a Câmara Municipal afastou Jimmy Murça após um processo para apurar supostas denúncias de irregularidades em licitação para reformas de estradas vicinais. Porém, o Ministério Público Estadual apurou que, na votação do processo, houve o favorecimento de vereadores para votarem pela cassação do prefeito com o pagamento de diárias ilegais pela presidência da Câmara Municipal, manobra que ficou conhecida como a “farra das diárias”, denunciada em série de reportagens do Estado de Minas.

O MPE encaminhou representação à juíza substituta Ludmila Lins Grilo, da Comarca de Manga, solicitando a anulação da cassação e o retorno do prefeito ao cargo. A juíza atendeu ao pedido na segunda-feira.

Desde que Jimmy Murça foi afastado pelos vereadores, a Prefeitura de Jaíba (distante 630 quilômetros de Belo Horizonte) sofreu mais quatro mudanças. Inicialmente, assumiu a chefia do Executivo o vice-prefeito Enoch Vinicius Campos (PDT). Em agosto de 2015, o titular, por força de liminar judicial, retornou ao comando da prefeitura, mas permaneceu na função somente um mês, sendo novamente substituído por Enoch, por decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

Em dezembro de 2015, Enoch foi preso após investigações do MPE, que apontaram o suposto envolvimento dele em irregularidades na administração municipal. Assumiu temporariamente a prefeitura o presidente da Câmara, Valdemir Soares da Silva (DEM).

No início de abril passado, Enoch Campos foi solto, por decisão do Tribunal de Justiça.
Ele poderia ter reassumido a prefeitura. No entanto, encaminhou uma carta de renúncia à Câmara, alegando que “está muito fragilizado” e que não tem condições de comandar a cidade. Com isso, a menos de cinco meses da eleição municipal de outubro, Valdemir Silva continuou na cadeira de prefeito, mas alegou que foi criado um clima de indefinição na administração municipal. “Não tem mais como a Justiça Eleitoral convocar os eleitores para uma eleição neste ano. Neste caso, os vereadores teriam que fazer uma eleição indireta. Mas isso ainda está sendo verificado pelo departamento jurídico da Câmara”, declarou o presidente da Casa.

'Insegurança'

Na representação encaminhada à Justiça, pedindo o retorno de Jimmy Murça, o MPE chamou a atenção para essa “instabilidade” na gestão do município com a renúncia de Enoch Campos. “A renúncia tem o efeito de ensejar eleições indiretas a menos de cinco meses do final do exercício e das novas eleições municipais, em outubro deste ano, ocasionando, evidentemente, grande pertubação da ordem pública e grande sensação de insegurança institucional”, argumentou o MPE.

Ontem, após conseguir o retorno à chefia do Executivo de Jaíba, Jimmy Murça divulgou uma mensagem de agradecimento nas redes sociais: “Com o povo, pelo povo e para o povo. Obrigado, meu Deus, por permitir que a Justiça dos homens provasse minha inocência”..