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Estado de Minas

Ricardo Lewandowski comandará julgamento do impeachment

Revisor do mensalão, o ministro deseja concluir o processo até setembro


postado em 08/05/2016 06:00 / atualizado em 08/05/2016 08:19

O ministro foi o quinto dos oito indicados por Lula para o STF(foto: Evaristo SA/AFP - 5/03/15)
O ministro foi o quinto dos oito indicados por Lula para o STF (foto: Evaristo SA/AFP - 5/03/15)
Brasília – Enrique Ricardo Lewandowski, de 67 anos, deve viver a partir da decisão de quinta-feira mais um momento de protagonista. O primeiro se deu quando foi ministro-revisor no caso do mensalão, há quatro anos. Atual presidente do Supremo Tribunal Federal, a ele cabe assumir o comando do Senado durante o julgamento final do impeachment da presidente Dilma. O processo tem prazo máximo de 180 dias.

Com o mesmo perfil diplomático que assumiu em outros episódios, Lewandowski gostaria de concluir o caso até setembro, quando termina seu mandato como presidente da Suprema Corte e será substituído pela ministra Carmen Lúcia.

Lewandowski chegou ao STF em 2006, indicado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Nascido no Rio de Janeiro, foi criado na cidade de São Bernardo do Campo, ABC Paulista, mesmo cenário onde Lula ascendeu primeiro como líder sindical e depois como líder político. Os dois nunca foram amigos, ao contrário do que sempre se apregoou. Filho do dono de uma importadora de bicicletas na cidade, Lewandowski iniciou-se na vida pública por intermédio do grupo político adversário de Lula.

Lewandowski foi o quinto dos oito ministros indicados por Lula para o STF durante o seu mandato. Ele substituiu Carlos Velloso, em março de 2006. O ex-presidente já o conhecia de São Bernardo, mas não era tão próximo a ele. O que ligava os dois, porém, era a amizade entre Karolina, mãe do Lewandowski, e a então primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva. No STF, Lewandowski passou a ter maior dimensão da pressão da opinião pública sobre a Corte a partir da abertura da ação penal do mensalão, em março de 2007.

Quatro anos depois, admitiu numa entrevista que poderia haver prescrição de crimes no mensalão por causa da demora na apresentação da denúncia pelo então ministro-relator Joaquim Barbosa. Ali teve início a briga entre os dois. Numa resposta à declaração de Lewandowski, Barbosa acelerou a apresentação da denúncia, que acabou deflagrando o julgamento no ano seguinte, em meio à eleição municipal de 2012.


MAL-ENTENDIDO
Lewandowski assumiu a presidência da STF quando já estava em curso a Operação Lava-Jato, que revelou um escândalo de corrupção na Petrobras e foi decisiva para a deterioração do governo Dilma Rousseff. Atento ao impacto da operação na sociedade, ele tem buscado uma postura equidistante dos episódios que já causaram a prisão de executivos, políticos e fragilizaram o ex-presidente Lula e seu grupo. Lewandowski tem se orientado por explicitar suas decisões de forma a mais clara possível. Em setembro do ano passado, auge da popularidade das prisões feitas pelo juiz Sérgio Moro, publicou artigo que foi visto pelo mundo jurídico como uma crítica velada ao magistrado.


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