Com o mesmo perfil diplomático que assumiu em outros episódios, Lewandowski gostaria de concluir o caso até setembro, quando termina seu mandato como presidente da Suprema Corte e será substituído pela ministra Carmen Lúcia.
Lewandowski chegou ao STF em 2006, indicado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Nascido no Rio de Janeiro, foi criado na cidade de São Bernardo do Campo, ABC Paulista, mesmo cenário onde Lula ascendeu primeiro como líder sindical e depois como líder político. Os dois nunca foram amigos, ao contrário do que sempre se apregoou. Filho do dono de uma importadora de bicicletas na cidade, Lewandowski iniciou-se na vida pública por intermédio do grupo político adversário de Lula.
Lewandowski foi o quinto dos oito ministros indicados por Lula para o STF durante o seu mandato. Ele substituiu Carlos Velloso, em março de 2006.
Quatro anos depois, admitiu numa entrevista que poderia haver prescrição de crimes no mensalão por causa da demora na apresentação da denúncia pelo então ministro-relator Joaquim Barbosa. Ali teve início a briga entre os dois. Numa resposta à declaração de Lewandowski, Barbosa acelerou a apresentação da denúncia, que acabou deflagrando o julgamento no ano seguinte, em meio à eleição municipal de 2012.
MAL-ENTENDIDO Lewandowski assumiu a presidência da STF quando já estava em curso a Operação Lava-Jato, que revelou um escândalo de corrupção na Petrobras e foi decisiva para a deterioração do governo Dilma Rousseff. Atento ao impacto da operação na sociedade, ele tem buscado uma postura equidistante dos episódios que já causaram a prisão de executivos, políticos e fragilizaram o ex-presidente Lula e seu grupo. Lewandowski tem se orientado por explicitar suas decisões de forma a mais clara possível. Em setembro do ano passado, auge da popularidade das prisões feitas pelo juiz Sérgio Moro, publicou artigo que foi visto pelo mundo jurídico como uma crítica velada ao magistrado.