Ainda existe a expectativa frustrada pela indicação de um ministério de notáveis, levantada pelo próprio PSDB ao longo da semana. “O grande problema dessa onda moralista em voga no Brasil é que as pessoas capacitadas e notáveis não estão com disposição para deixar seus afazeres e assumir cargos no governo”, disse o diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz.
Esse dilema tem sido enfrentado pessoalmente por Temer, obrigado a se acomodar nas incongruências e desejos dos partidos. Exemplo disso foi o Ministério da Saúde, com a escolha de Raul Cutait, que teve de ser abandonada no mesmo dia. O nome mais provável agora é o do deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Ciente do poder crescente da bancada evangélica na Câmara, Temer reservou duas pastas para o segmento. A primeira delas gerou reações acaloradas no meio científico: a indicação pelo PRB do ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pereira, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e presidente nacional da legenda. Temer também deve escolher um representante do PSC para o Ministério da Previdência.
O senador Blairo Maggi (PR-MT) usou o Twitter ontem para confirmar o convite feito pelo presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), para o Ministério da Agricultura na cota do partido em eventual governo de Temer.
O equilíbrio político buscado por Temer é tênue. O PSD de Gilberto Kassab ocupa, desde a posse de Dilma, o Ministério das Cidades, uma das pastas com o orçamento mais robusto e responsável pelas obras do Minha casa, minha vida. “Todos concordam que o PSD e o Kassab continuem no governo. Mas não em Cidades. Se isso acontecer, a bancada do PSD ficará independente e analisará projetos encaminhados por Temer ao Congresso caso a caso”, disse um cacique pessedista.