A avaliação da maioria dos parlamentares com os quais o Estadão conversou nos últimos dias é de que, mesmo sendo necessária uma maioria simples para afastá-la, Dilma poderá ser retirada temporariamente do cargo com um quórum de condenação, isto é, ao menos 54 dos 81 integrantes da Casa.
Contudo, a repetição desse placar - que impediria o retorno dela ao Planalto - dependerá principalmente do sucesso da gestão do peemedebista e de eventuais desdobramentos da Operação Lava Jato que possam atingir o presidente interino ou o núcleo do governo.
Sob a condição do anonimato, cinco senadores afirmaram à reportagem que, mesmo sem concordar até o momento que a petista cometeu crime de responsabilidade, estão decididos a votar para afastar temporariamente a presidente do cargo.
Condições
O apoio à gestão do vice, entretanto, não será incondicional. Há quem já agora afirme reservadamente que, se o desempenho de Temer for aquém do esperado, com aumento do desemprego e a Lava Jato no seu encalço, poderá mudar o voto e absolver Dilma no futuro. Um dos senadores ouvidos pela reportagem afirma que, se isso ocorrer, o melhor seria trabalhar pela aprovação de uma proposta no Congresso que antecipe as eleições presidenciais.
Outro ingrediente que pode dificultar o mandato do peemedebista, segundo senadores, é o fato de ele estar dando prioridade às negociações com a Câmara, onde o impeachment já foi admitido, em detrimento do Senado, responsável por julgar Dilma. Dias atrás, o líder do PMDB do Senado e tesoureiro do partido, Eunício Oliveira (CE), alertou pessoalmente Temer para não deixar de olhar a nova base aliada na Casa.
Em um encontro na residência oficial semana passada, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - desafeto do vice -, queixou-se do desprestígio da bancada de peemedebistas até o momento. Se no governo Dilma tínhamos três ministros e ainda acalmava o Garibaldi Alves (o primo dele, Henrique Eduardo Alves, era ministro do Turismo), passa a ter zero e vamos topar?
O senador Blairo Maggi (PR-MT) admite que a tarefa de Temer não é fácil e que são necessários poucos votos para absolver Dilma. Ele disse que a petista já tem 21 votos - para ela se livrar são necessários pelo menos mais sete apoios. É um placar apertado.
Peso
Senadores admitem que o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinado pelo Supremo Tribunal Federal pode desestabilizar a gestão Temer. Cunha foi o principal articulador do impeachment de Dilma no Congresso e tem ajudado na montagem do futuro governo.
Petistas apostam que Cunha poderá se virar contra o vice-presidente. Se o Cunha resolver entrar no rol dos delatores, acho que o governo Temer acaba no mesmo dia, disse o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE). As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..