A decisão de Maranhão provocou euforia no Planalto, em cerimônia de anúncio de novas universidades, na manhã de ontem. A presidente Dilma Rousseff reforçou que está em curso um golpe de Estado. “Não é oficial, não sei as consequências. Por favor, tenham cautela”, afirmou. “Temos pela frente uma disputa dura, cheia de dificuldades. Peço aos senhores parlamentares uma certa tranquilidade para lidar com isso”, completou a presidente. Assessores do Planalto e do Ministério da Educação se abraçaram efusivos. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, foi interrompido em seu discurso pela plateia aos gritos. Ele pediu calma.
Em sua fala, Dilma voltou a sinalizar sua disposição de “lutar até o fim para defender a democracia”, além de “lutar contra o golpe e fazer o processo de enfrentamento”. Sob delírio de plateia, a presidente disse: Agora, mais do que nunca, temos que lutar por este processo irregular”. Em seguida, a presidente fez uma espécie de jogral com os militantes, ao lembrar que ela está sendo acusada de ter assinado seis decretos, que são a base do processo de impeachment, ressalvando que um dos presidentes que a antecedeu, Fernando Henrique Cardoso, assinou 101 decretos, sendo 30 do mesmo tipo.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a decisão de Waldir Maranhão. “Ganhamos tempo para nos reorganizar”, disse Lula, que viajou para Brasília. “O que aconteceu é uma demonstração de que o processo presidido por Eduardo Cunha foi viciado”, emendou ele, numa referência ao presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Lula elogiou o ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, que impetrou recurso na Câmara pedindo a anulação da sessão de 17 de abril, quando foi aprovado o impeachment de Dilma por 367 votos a 137. Cardozo apontou várias falhas no rito conduzido por Cunha, como a orientação de voto dada por líderes dos partidos. “Zé Eduardo está muito bem nessa defesa”, disse o ex-presidente.