Depois das reações contrárias a ele anunciadas ao longo desta segunda-feira, 9, Waldir Maranhão decidiu revogar no início da madrugada desta terça-feira o ato assinado por ele próprio na manhã anterior, em que tinha anulado a sessão do impeachment na Câmara. No ato de revogação, ele não apresentou nenhuma justificativa para a decisão.
Deputados da cúpula do PP classificaram a atitude de Maranhão como "palhaçada" e dizem que, mesmo com a revogação, a permanência dele no partido se tornou insustentável. Segundo parlamentares, o presidente interino tentou procurar a cúpula da sigla ontem para pedir que seu processo de expulsão fosse interrompido. Não obteve sucesso.
O pedido de afastamento cautelar de Maranhão foi solicitado ontem pelo deputado Júlio Lopes (PP-RJ) junto com o pedido de expulsão definitiva, após o parlamentar maranhense acatar recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) e anular a sessão da Câmara que aprovou a abertura do processo de impeachment.
No pedido, Júlio Lopes solicita a expulsão definitiva de Maranhão usando como argumento o fato de ele ter votado contra o impeachment da presidente Dilma na Câmara, contrariando decisão interna do partido. O PP tinha fechado questão a favor do impedimento da petista, o que permite punição para os parlamentares dissidentes.
O parlamentar fluminense pede que, enquanto o processo expulsão definitiva não é analisado, a Executiva Nacional suspenda Maranhão temporariamente do partido. O pedido cautelar foi uma saída encontrada pelos deputados do PP para afastar o presidente interino da Câmara da sigla mais rapidamente, uma vez que a expulsão definitiva levará tempo maior.
Maranhão já tinha sofrido uma punição por ter votado contra o impeachment na Câmara.
Cargo
Logo após a suspensão cautelar de Maranhão, a cúpula do PP pretende pedir a perda imediata do cargo dele de 1º vice-presidente da Câmara dos Deputados. Na interpretação de parlamentares do partido, embora Maranhão tenha sido eleito para o cargo, o posto pertence ao partido. A decisão, contudo, poderá ser contestada.
Segundo o 1º secretário da Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), o pedido de perda do cargo só caberia se o presidente interino tivesse deixado o partido por vontade própria. Além disso, na Casa já há precedentes: o deputado Felipe Bornier (RJ) continuou como 2º secretário mesmo após migrar do PSD para o PROS por vontade própria..