Porto Alegre, 10 - O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Rio Grande do Sul, Claudir Nespolo, afirmou que os movimentos ligados à Frente Brasil Popular, que convocou os protestos desta terça-feira, 10, em defesa do governo da presidente Dilma Rousseff, estão satisfeitos com o resultado dos atos, mas não são "ingênuos" de pensar que a mobilização será capaz de impedir o prosseguimento do processo de impeachment neste momento. "Hoje foi importante, mas não temos ilusão de que isso vai mudar votos (agora) no Senado. Estamos nos preparando para um longo período de resistência da democracia", disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Ele contou que os grupos pró-Dilma estão planejando para 10 de junho um novo Dia Nacional de Paralisações e Mobilização, nos mesmos moldes de hoje. A data foi escolhida para protestar pelo primeiro mês do eventual governo de Michel Temer. "Em junho esperamos envolver ainda mais a classe trabalhadora, que já estará entendendo e sentindo melhor a pauta, a necessidade de lutar pela manutenção dos nossos direitos", relatou. "Esperamos mais greve nas fábricas, por exemplo."
Nesta terça-feira, os protestos em todo o Brasil ficaram mais restritos aos bloqueios de estradas, embora tenham sido registradas paralisações de trabalhadores em algumas cidades, principalmente no transporte público. No Rio Grande do Sul, diferentes trechos de rodovias federais e estaduais foram interditados, sobretudo na parte da manhã. Em alguns casos, houve queima de pneus. Os participantes dos protestos saíram pacificamente das rodovias no RS, sem haver confronto com as autoridades policiais.
No final da tarde, manifestantes contrários ao impeachment se reuniram na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre. O ato teve discursos de diferentes lideranças sociais e políticas, que falaram do alto de um carro de som.
Segundo Nespolo, nesta quarta-feira, 11, o foco será acompanhar a votação no Senado. "Vamos nos reunir para assistir, e o clima será de velório", disse. Segundo ele, os movimentos ligados ao governo federal estão sofrendo uma "derrota institucional", mas "saem vitoriosos" por terem conseguido se unir em torno de um objetivo comum, de defender o mandato da presidente. "Saímos mais fortes nesse sentido."