Por quase unanimidade, o plenário do Senado aprovou a cassação do senador Delcídio do Amaral (Sem partido-MS) por quebra de decoro parlamentar. Foram 74 votos favoráveis e uma abstenção. Na sessão desta tarde, foram ouvidos o senador Telmário Mota (PDT-RR), relator do processo no Conselho de Ética, e o relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Ricardo Ferraço (PSDB-ES). "Não há qualquer dúvida de que Delcídio do Amaral feriu gravemente o decoro", afirmou Telmário. Outros parlamentares se revezaram para criticar a postura do ex-petista, preso em novembro do ano passado. A única abstenção foi do senador João Alberto (PMDB-MA), presidente do Conselho de Ética do Senado. Quem assume a vaga deixada por Delcídio é Pedro Chaves (PSC-MS).
Delcídio teve o pedido de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar aprovado no colegiado após um longo processo iniciado logo depois de o senador ter sido preso, em novembro do ano passado por obstrução da Justiça. O senador foi flagrado em conversa com o filho do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, oferecendo propina e um plano de fuga para que Cerveró não firmasse acordo de delação premiada com o Ministério Público no âmbito da Operação Lava-Jato.
Durante a sua fala, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AL)ressaltou que a atitude de Delcídio afetou a imagem do Senado. "A dignidade do Senado Federal foi afrontada e atingida pelo comportamento do senador Delcídio do Amaral. Em poucos momentos na história o Senado foi tão constrangido", disse.
A representação contra o senador Delcídio do Amaral foi apresentada em dezembro do ano passado pela Rede e pelo PPS. Durante a análise do processo do Conselho de Ética, Delcídio faltou quatro sessões do colegiado em que foi convocado para ouvir seus esclarecimentos a respeito das denúncias. Os advogados de defesa chegaram a pedir que a cassação de mandato fosse substituída por outras penas alternativas, como advertência ou afastamento temporário do Senado, mas os pedidos não foram acatados pelo relator.
Na sessão desta tarde, nem mesmo a defesa de Delcídio compareceu. Renan designou o Consultor Geral do Senado, Danilo Augusto Barboza de Aguiar, como defensor dativo de Delcídio e ele assumiu a tribuna para fazer apresentar a defesa. Ele argumentou que a defesa não teve acesso aos documentos necessários, já que na semana anterior houve um aditamento no processo contra Delcídio no Supremo Tribunal Federal.