Brasília – O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) se tornou réu na Operação Lava-Jato ontem.
A Procuradoria denunciou Gim por corrupção passiva, concussão, lavagem de dinheiro e pertinência a organização criminosa. O ex-senador está preso em Pinhais (PR). Foi detido na 28ª fase da Lava-Jato, batizada de “Vitória de Pirro” em 12 de abril. Segundo as investigações, Gim pediu dinheiro a empreiteiros para que eles não fossem convocados a depor nas duas CPIs da Petrobras que aconteciam no Congresso em 2014. Numa delas, o ex-senador era o vice-presidente.
“Há provas decorrentes de depoimentos de criminosos colaboradores conjugados com provas documentais de pagamentos, além de mensagens eletrônicas que indicam a cobrança e o pagamento da vantagem indevida”, disse Moro, ao receber a denúncia. Gim pediu R$ 5 milhões a sete empreiteiras: UTC, OAS, Odebrecht, Toyo Setal, Engevix, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez – total de R$ 35 milhões.
No entanto, só as primeiras quatro fizeram os pagamentos, no valor total de R$ 7,7 milhões e mais 200 mil euros em espécie. No caso da Camargo, o dinheiro foi “exigido”, razão pela qual o ex-senador foi acusado de concussão, e não corrupção. A Engevix e a Andrade não prometeram pagar o suborno, segundo o Ministério Público, que pede R$ 70 milhões em ressarcimento na ação.
Padre Moro autorizou também abertura de inquérito policial para avaliar se o padre Moacir Anastácio teve ou não participação nos crimes. Parte dos valores obtidos por Gim — R$ 350 mil doados pela OAS — foram entregues a uma paróquia em Taguatinga, no Distrito Federal.
Moro entende que uma mensagem do celular do presidente afastado da OAS, Leo Pinheiro, é indício de que Gim lavou dinheiro do esquema de desvios da Petrobras. Em 14 de maio de 2014, dia da instalação da CPI da Petrobras no Senado, o executivo manda uma mensagem para dois subordinados, Dilson de Cerqueira e Roberto Zardi. Ele diz: “Preciso atender uma doação. Para: Paróquia São Pedro. Valor R $350.000 Centro de custo: Obra da Renest (sic) — Projeto Alcoólico”. A Rnest é a sigla para a Refinaria da Petrobras Abreu e Lima, em Pernambuco. “Alcoólico” seria o codinome de Gim, num trocadilho com a bebida semelhante a seu apelido.
O advogado de Gim, Marcelo Bessa, disse que ontem que não comentaria o caso. Mas ele já afirmou, em recurso ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que o ex-senador não teve participação em quaisquer crimes. Destacou ainda que a acusação do MPF não tem sentido porque, sozinho, o político não poderia proteger os empreiteiros da ação dos demais parlamentares das duas CPIs da Petrobras.
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