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Estado de Minas

Coluna do Baptista Chagas de Almeida

Foi o conjunto da obra, a falta de iniciativa, exceção à parte, é claro, para as pedaladas fiscais que a levaram ao processo no Congresso


postado em 12/05/2016 06:00 / atualizado em 12/05/2016 07:48

(foto: Arte/Soraia Piva)
(foto: Arte/Soraia Piva)

Dilma procurou o seu próprio calvário

Enfim. Chegou a hora da verdade. Foi a própria presidente Dilma Rousseff (PT) que ergueu o seu calvário. Não está sendo crucificada, dá sinais de que não sofre com o que está acontecendo, não é protagonista de um martírio, como no sentido bíblico. Muito antes, pelo contrário, ateia que é, nem a Deus poderia recorrer.


A questão principal é que os fatos não mentem. Do mesmo jeito de Dilma em relação a Deus, os brasileiros nela não acreditam mais. O que prometeu, não cumpriu. De política, nada entende. Mesmo depois de subir a rampa do Palácio do Planalto não aprendeu como conviver com os políticos. Se salvava, daí o segundo mandato, da fama de boa administradora. Da fama, porque mostrou também que não é bem assim. Quer conferir?

Alguns exemplos: o desemprego no Brasil bate um recorde atrás do outro. A recessão fechou as portas de 1,8 milhão de empresas no ano passado. Isso mesmo, 1,8 milhão, o triplo do registrado no período anterior, que já não foi ruim, muito ruim. Piorou ainda mais. Ah! Até o clima atrapalhou. Haverá perdas na safra de grãos porque não choveu.

O resultado, com base no Indicador de Confiança do Consumidor, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, é o brutal aumento do pessimismo do consumidor. A pesquisa indicou que para 76,5% dos entrevistados a condição financeira no último semestre. Nem é preciso comentar. O percentual é assustador por si só.

Ah! Ainda em Minas: até o clima atrapalhou. Haverá perdas na safra de grãos porque não choveu nas principais regiões de produtoras de soja. O Ministério da Agricultura o que faz? Nada. Aliás, nada não. A ministra Kátia Abreu diz que fica, vai permanecer no governo Dilma. Que governo Dilma?

Essas informações são para sair do lugar-comum da questão política. Não foi ela que levou a presidente Dilma Rousseff (PT) ao impeachment. Foi o conjunto da obra, a falta de iniciativa, exceção à parte, é claro, para as pedaladas fiscais que a levaram ao  processo no Congresso. Foi a completa omissão diante da situação caótica. Daí o calvário lá do início.


Agora é no ataque
Afastado na terça-feira do Senado, por unanimidade, Delcídio do Amaral (ex-PT/MS) partiu logo para o ataque. Seu primeiro alvo foi o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB/AL). “Todo mundo vê claramente. Não roubei, não pago amante com dinheiro de empreiteira, não tenho conta no exterior. O que o sr. Renan fez? Se eu não fosse cassado não colocava em votação o impeachment da Dilma. Foi uma vingança pessoal”, disparou.

 

Hacker na cadeia
Silvonei José de Jesus Souza, o hacker acusado de extorquir Marcela Temer (foto), mulher do vice-presidente da República, foi preso ontem. O bandido exigiu R$ 15 mil depois de ter invadido os arquivos de seu telefone celular. O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, determinou que policiais de sua confiança assumissem a apuração do crime. Os criminosos exigiam o dinheiro para devolver os dados do aparelho a Marcela. Um primeiro pagamento foi feito, mas em vez de cumprir o acordo, o bandido passou a exigir mais dinheiro. Acabou no xilindró.

Problema é de confiança
Em entrevista ontem à rede CNN, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu o impeachment da presidente Dilma Rousseff e disse que existe muita corrupção no governo e que a população não confia mais em Dilma nem no sistema político brasileiro. “Essa é a questão chave no Brasil: a falta de confiança”, afirmou, emendando: “Para mim existe uma crise mais profunda do que o caso da presidente Dilma. É a crise do sistema político no Brasil”.

Ironia do destino
Por ironia do destino, foi a então deputada petista Sandra Starling que apresentou, em 18 de março de 1989, a Emenda nº 1564-4 que determina: “Nos crimes comuns, é dispensada a apreciação de procedência da acusação pela Assembleia Legislativa, será o governador submetido a julgamento pelo Superior Tribunal de Justiça”. A proposta foi acatada expressamente pelos constituintes à época, o que retirou do texto original a necessidade de autorização prévia do Legislativo.

Pontualidade “britânica”

O presidente do Senado,, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi pontual. Já estava pronto para presidir a sessão às 9h20. Mas pontualidade não é o forte dos senadores. Embora o painel mostrasse o registro de 40 senadores – faltava um para poder abrir a sessão – havia apenas 16 em plenário às 9h30, horário marcado para o início da sessão.  E às 10h, ainda não havia quorum, só 31 estavam presentes. Atrasou, é claro. E, é preciso repetir o verbo, atrasou ainda mais por conta de uma série de questões de ordem. Algumas pertinentes. Mas tinha senador  louco para aparecer. Só isso, aparecer na TV.


PINGA FOGO

Esta coluna também faz uma questão de ordem. Aliás, nem precisa. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-RS) fez tantas, mas tantas besteiras, que não haverá eleição. Ela já é a mala do ano.

A presidente Dilma Rousseff (PT) desistiu de seus planos iniciais. Não vai mais descer  a rampa do Palácio do Planalto depois de ser afastada. Foi conselho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula disse que descer a rampa pareceria que ela estava entregando os pontos, que pareceria uma despedida definitiva. É, se é assim agora, consumado o impeachment, Dilma terá que sair pela porta dos fundos ou pela garagem.

A choradeira do PT não tem fim. E eles já acharam os culpados pela situação atual da presidente Dilma Rousseff (PT). O primeiro citado é sempre o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Mas raiva mesmo, os petistas têm na cabeça um outro culpado. O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. E com razão. De fato, ele influencia mesmo uma coleção de parlamentares.


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