A imprensa internacional demonstrou na manhã desta quinta-feira mais uma vez que tem acompanhado passo a passo o desdobramento da crise política no Brasil. Tão logo o Senado aprovou o afastamento da presidente Dilma Rousseff por até 180 dias, até que os senadores julguem o mérito do impeachment, os principais sites começaram a repercutir a votação por ampla maioria dos senadores e suas consequências.
A CNN destacou a que a primeira mulher a ser eleita presidente no Brasil enfrentou uma batalha sem trégua desde que assumiu o segundo mandato em 1º de janeiro de 2015. Embora a oposição, sublinha a CNN, mencionasse casos de corrupção desde 2011, ainda no primeiro ano do primeiro mandato da presidente.
O site da BBC preferiu dar destaque para o afastamento tendo em vista as Olimpíadas no Brasil. O site sublinhou que Dilma estará afastada durante os jogos olímpicos.
Para o Le Monde, a aprovação da abertura do processo de impeachment pode ser considerado "games over" ( "fim de jogo") para Dilma Rousseff. O jornal francês enfatizou que a "impopular líder de esquerda denuncia um golpe institucional". Le Monde ainda afirma, citando uma fonte da agência France Presse, que "reinava um clima de enterro" no palácio do Planalto.
O The New York Times chamou a atenção para uma análise onde avalia que Dilma foi alvo "da raiva da população contra a corrupção sistêmica e economia em crise."
O The Guardian disse que problemas políticos, econômicos e irregularidades fiscais ficaram à frente dos 54 milhões de votos que elegeram a presidente.
América Latina
A imprensa da América Latina também deu amplo destaque para a decisão do Senado de abrir processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, colocando o assunto na manchete de seus sites. As reportagens descrevem como foi a "maratona" da votação, que se estendeu por mais de 20 horas, e apontam os próximos passos do processo. Também informam que há a expectativa de que Dilma faça um pronunciamento por volta das 10 horas.
O argentino Clarín ressalta que Dilma foi acusada de ter descumprido normas fiscais na administração do orçamento federal, mas que o processo de impedimento se transformou "em uma espécie de referendo para sua Presidência", já que o Brasil enfrenta uma profunda crise econômica e passa por uma ampla investigação de corrupção na Petrobras.
Outro argentino, o La Nación, observa que o resultado da votação no Senado não foi uma surpresa para o PT, "já que a sorte da mandatária parecia estar dada", uma vez que as pesquisas feitas nas últimas semanas indicavam a aprovação da abertura do processo de impeachment.
O chileno Diário Financiero traz em sua capa uma foto de Dilma de costas, com as mãos sobre a cabeça, sinalizando desconforto. Sob o título "Senado no Brasil aprovou o processo de destituição de Dilma Rousseff", o jornal classifica o resultado da votação no Senado como "uma dura derrota política da mandatária".
O colombiano El Espectador destaca que a possível destituição de Dilma colocaria fim não só ao mandato da "ex-guerrilheira esquerdista de 68 anos, que em 2011 assumiu como a primeira presente mulher do Brasil, mas marcaria o fim de mais de 13 anos de governo do esquerdista Partido dos Trabalhadores".
O uruguaio El Observador notou a hesitação do senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello, que também sofreu processo de impeachment, em definir seu voto. Também mereceu espaço a informação de que os pertences de Dilma foram retirados na tarde de quarta-feira, 11, do Palácio do Planalto e direcionados à residência oficial, o Alvorada, onde ela deve aguardar o resultado de seu julgamento.
O venezuelano Telesur classificou o resultado da votação no Senado como um "golpe à democracia" e um "feito sem precedentes", já que a "mandatária é acusada sem provas". O site destaca uma foto de manifestantes segurando uma faixa onde se lê "golpe", com o logo da Rede Globo.
China e Japão
A aprovação da abertura de processo de impeachment no Senado contra a presidente da República, Dilma Rousseff, é notícia também na imprensa da China e do Japão.
A agência de notícias estatal chinesa Xinhua destaca que, com a decisão do Senado, a presidente será afastada do cargo e deverá ser julgada em até 180, sendo necessária maioria de dois terços para que ela seja removida do cargo. "Analistas dizem que pode não ser difícil para a oposição conseguir os dois terços", afirma a agência.
A rede de televisão japonesa NHK colocou no ar e divulgou em seu site a notícia de suspensão de Dilma, após a aprovação no Senado do processo de impedimento, diante das acusações de envolvimento na "manipulação das contas do governo".
Com agências