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Estado de Minas

Supremo manda para Moro investigação sobre pastor aliado de Cunha

O inquérito contra pastor da Assembleia de Deus é um desdobramento da denúncia contra Cunha por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Investigações da Lava-Jato indicam que peemedebista teria usado a igreja para receber propina


postado em 12/05/2016 14:37 / atualizado em 12/05/2016 14:55

São Paulo, 12 - A igreja evangélica Assembleia de Deus Ministério Madureira em São Paulo e seu presidente Samuel Cássio Ferreira entraram na mira da Lava-Jato. Nesta quarta-feira, 11, o plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu manter a decisão do ministro Teori Zavascki de março que determinou a remessa para o juiz Sérgio Moro de investigação envolvendo a suspeita de lavagem de dinheiro para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por meio da igreja e do pastor.

No julgamento, os ministros da Corte rejeitaram o argumento da defesa da igreja, que alegou que o caso deveria ser analisado pela Justiça Federal em São Paulo, onde fica a sede da Assembleia de Deus presidida por Samuel Ferreira.

Essa investigação é um desdobramento da denúncia criminal contra Eduardo Cunha por corrupção passiva e lavagem de dinheiro que o Supremo já aceitou no ano passado. Na denúncia, a Procuradoria-Geral da República aponta que o peemedebista teria usado a igreja para operacionalizar o repasse de parte da propina de US$ 5 milhões recebida por ele referente à contratação de dois navios-sonda da Petrobras. Janot não fez acusação contra nenhum representante da igreja, presidida pelo pastor Samuel, que agora passa a ser investigado por Sérgio Moro.

A decisão do Supremo acata o pedido de Janot. O procurador argumentou que a investigação envolve lavagem de dinheiro e alvos sem prerrogativas de foro, por isso deveria ser remetida ao juiz da Lava Jato no Paraná.

Na ação contra o peemedebista, Janot detalha as negociações de Cunha e Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção instalado na Petrobras, para receber o pagamento. O procurador afirma que o lobista Julio Camargo, que afirma ter pagado a propina milionária a Eduardo Cunha, foi orientado a fazer 'doações' para a igreja para quitar parte do débito.

A Polícia Federal e a Procuradoria identificaram duas transferências em agosto de 2012 para a Assembleia de Deus via empresas de Júlio Camargo, a Piemonte e a Treviso, no valor de R$ 125 mil cada. O dinheiro teve como destino uma filial da Assembleia de Deus Ministério Madureira em Campinas, no interior de São Paulo. Os repasses tiveram como 'falsa justificativa pagamento a fornecedores', segundo Janot.

Na acusação, o procurador-geral afirma ainda que 'não há dúvidas de que referidas transferências foram feitas por indicação de Eduardo Cunha para pagamento de parte do valor residual da propina referente às sondas'. A denúncia ainda ressalta que Júlio Camargo nunca frequentou a igreja evangélica e 'professa a religião católica', além de nunca ter feito doações para a Assembleia de Deus antes deste episódio.

Em fevereiro de 2015, Cunha chegou a participar de um culto de mais de duas horas em comemoração à sua eleição para a presidência da Câmara junto com outros políticos na Assembleia de Deus Madureira, no Rio de Janeiro. Na ocasião ele declarou ter trocado a Igreja Sara Nossa Terra pela Assembleia de Deus Madureira.

A bancada evangélica foi uma das que mais prestou apoio a Cunha na eleição para a Presidência da Câmara. O presidente da Assembleia de Deus Madureira no Rio, pastor Abner Ferreira, contemplou o presidente da Câmara no culto. "O Satanás teve que recolher cada uma das ferramentas preparadas contra nós. Nosso irmão em Cristo é o terceiro homem mais importante da República", disse o religioso na época. Abner Ferreira é irmão do pastor Samuel Ferreira, que preside a Assembleia de Deus no Brás, em São Paulo, e aparece no registro da Receita Federal como presidente da Assembleia de Deus Madureira em Campinas, que recebeu os R$ 250 mil das empresas de Júlio Camargo.

A reportagem tentou contato com a assessoria de Samuel Ferreira, mas ninguém atendeu. A assessoria de Cunha disse desconhecer o caso e afirma que o deputado não recebeu "qualquer vantagem indevida de quem quer que seja."


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