Dilma criticou o gabinete inteiramente branco e masculino anunciado nesta quinta-feira, 12, pelo presidente em exercício, Michel Temer, que a substituirá durante seu afastamento. "Lamento que não tenha nenhuma mulher ou pessoa negra na administração após muitos anos", disse Dilma. "Discriminação de gênero e racial é uma questão séria no Brasil", acrescentou.
A presidente afastada conversou com cerca de duas dezenas de jornalistas representantes da imprensa estrangeira na residência oficial, o Palácio da Alvorada, onde continuará morando durante o julgamento do impeachment.
Na entrevista, assim como fez anteriormente, Dilma afirmou que não fez nada errado e que o movimento do impeachment significa a derrubada de um governo eleito democraticamente. Dilma tem acusado Temer, um antigo aliado, de conspirar com os inimigos políticos dela para tomar o comando do País.
"Esse processo não tem base legal. É um golpe", disse Dilma. "É um mecanismo político pelo qual pessoas que não foram eleitas chegam ao poder." A presidente afastada também afirmou que o sistema político precisa de uma reforma profunda.
O ex-advogado geral da União, José Eduardo Cardozo, que tem representado Dilma durante o processo de impeachment, apareceu com ela na entrevista desta sexta-feira.