Brasília - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou o embaixador no Brasil de volta ao seu país, ontem, em represália ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para o governo venezuelano, o afastamento da petista foi “golpe de Estado”. “Pedi ao nosso embaixador no Brasil, Alberto Castelar, que voltasse. Eu me reuni com ele, estivemos avaliando esta dolorosa página da história do Brasil. “Foi uma jogada totalmente injusta contra uma mulher que foi a primeira presidente que o Brasil teve”, disse Maduro em cadeia nacional de rádio e TV, no Palácio de Miraflores, em Caracas. Não foi informado, entretanto, se a saída do diplomata é definitiva, o que representaria um congelamento das relações dos dois países. O impeachment da presidente é visto como péssimo para o chavismo, que manteve intensas relações comerciais e políticas com o governo do PT, apesar do esfriamento desde a administração Lula (2003-2010).
Pouco mais de 24 horas depois da posse do novo ministério, o Itamarary divulgou duas notas criticando países e órgãos internacionais que questionaram a legalidade do afastamento de Dilma. “O Ministério das Relações Exteriores rejeita enfaticamente as manifestações dos governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, assim como da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), que se permitem opinar e propagar falsidades sobre o processo político interno no Brasil”, afirma uma das notas. “Esse processo se desenvolve em quadro de absoluto respeito às instituições democráticas e à Constituição federal.” A chefia do Itamaraty foi assumida pelo senador José Serra (PSDB-SP).