“Mais importante do que saber o valor do benefício ou a idade em que vai se aposentar, é ter a segurança de que haverá recursos para pagar a aposentadoria”, disse. Segundo o ministro, para haver recursos, é necessário que o sistema seja autossustentável ao longo do tempo. Meirelles disse que o governo deve estipular critérios de gastos do setor público como um todo. “Não prometemos valores que não podem ser cumpridos. Despesas públicas são sempre pagas pela população, e a Previdência também”, disse Meirelles. Agora também com a atribuição de administrar a Previdência, Meirelles disse que o governo Temer defenderá uma nova idade mínima para a aposentadoria.
O ministro lembrou que já há uma discussão extensa sobre o assunto – no ano passado, a presidente afastada Dilma Rousseff criou o Fórum da Previdência. Questionado se vai aproveitar projetos encaminhados pela equipe de Dilma Rousseff, Meirelles disse que é necessário analisar “com cuidado” cada medida para depois anunciar sua posição.”Não se trata de uma novidade, o que precisamos agora é de uma determinação do governo”, completou.
O ministro do Planejamento, Romero Jucá, também falou sobre a necessidade de reformar a Previdência, mas não deu detalhes das medidas que serão tomadas. Segundo o peemedebista, o governo não pretende diminuir a remuneração dos aposentados. Como medida já adotada ele citou a criação da Secretaria da Previdência, vinculada ao Ministério da Fazenda. “Já se tomou a decisão técnica da maior importância que é construir algo sustentável. Por que queremos uma Previdência sustentável? Porque queremos que o aposentado de hoje e de daqui a 10 anos possa receber na integralidade o que deve receber. Não queremos que aconteça o que aconteceu na Grécia, que reduziu pagamento de quem já estava aposentado”, afirmou. (Com agências).
Aliado sindical já critica mudanças previstas
O novo governo nem anunciou quais serão as mudanças, principalmente, na área econômica, e já recebe críticas até de aliados que levaram Michel Temer à Presidência da República, após o afastamento de Dilma Rousseff. Em nota, a Força Sindical disse repudiar qualquer tentativa de reforma que venha a tirar direitos dos trabalhadores.
A nota, assinada pelo deputado Paulinho da Força, lembra que o governo anterior já fez mudanças no regime “que só resultaram em prejuízos para os trabalhadores”. Segundo a entidade, a fórmula 85/95 dificulta cada vez mais a aposentadoria. “Entendemos que qualquer mudança na Previdência deve ser amplamente discutida com a sociedade, e com os representantes dos trabalhadores, de forma democrática e transparente. Reafirmamos que não aceitaremos, em hipótese alguma, uma reforma feita na calada da noite, com o intuito de mexer nos direitos adquiridos.”
A força sindical diz ainda que vai resistir à mudança e ressalta acreditar que Michel Temer vá seguir caminhos acordados recentemente com os trabalhadores e centrais sindicais. “Não podemos deixar de destacar que valorizar as aposentadorias é uma forma sensata e justa de distribuição de renda”, conclui a nota.
Palavra de especialista
Marcelo Barroso de Campos
especialista em direito previdenciário
Mudança é inevitável
“A idade mínima (para aposentadoria) não é uma novidade trazida pelo governo Temer. A medida já vem sendo discutida há algum tempo, é uma tendência mundial. O Brasil é um dos poucos países que ainda não fixou essa regra. É uma medida quase inevitável, devido ao aumento da expectativa de vida do brasileiro. A novidade pode ser a agenda, se de fato a reforma ganhar agilidade no governo.