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Estado de Minas

Um ministério sem mulheres

Mas Padilha ainda foi pior que o soneto em outra declaração, culpando a redução do número de ministérios


postado em 14/05/2016 00:12

Baptista Chagas de Almeida

Está sacramentado matematicamente o motivo do buzinaço e do foguetório em Belo Horizonte, quando foi dado o voto que sacramentou o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) por, pelo menos, seis meses, da Presidência da República. Levantamento do instituto Paraná Pesquisas, realizado com eleitores da capital mineira, entre os dias 5 e 8 de maio, revela que ela é reprovada por nada menos que 75,7% dos entrevistados. Um índice que fala por si só. Dispensa comentários.

Outro dado que chama a atenção é a avaliação dos principais políticos de Minas Gerais, quando perguntado se o apoio deles aumentaria a vontade de votar no candidato. O único que tem saldo positivo – assim mesmo dentro da margem de erro que é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos – é o senador Aécio Neves (PSDB), com 31,6% a 29,6%.

Na posição inversa está o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). E o índice deve ter colocado os petistas apavorados. A principal estrela do partido não receberia o voto de nada menos que 61,3% dos entrevistados, contra 12,8% que nele poderiam votar.

Quem teve sorte foi o presidente em exercício Michel Temer (PMDB), que assumiu depois que a pesquisa foi realizada. Afinal, não há nenhuma mulher em seu ministério. É, mas tem o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que justificou dizendo que “os partidos não indicaram”. Uai, eles é que mandam?

Mas Padilha ainda foi pior que o soneto em outra declaração, culpando a redução do número de ministérios: ”Nós tentamos de várias formas, na parte que dizia respeito à disponibilidade, em várias funções, tentamos encontrar mulheres”. E não encontraram? De duas, uma, diriam as mulheres. Não procurou direito ou é machismo do grosso mesmo. Começou mal o ministro, que despacha diariamente com o presidente.

“Nós vamos sim trazer mulheres a participar do governo em postos que ontem eram ministérios, mas que hoje têm as mesmas atribuições, mas com nome diferente”, disse o general Eliseu Padilha. Uai, mas por que general? Resposta rápida: desde o governo Geisel, o general Ernesto Geisel, é melhor assim, que nenhum outro presidente teve o ministério sem a presença de mulheres. Geisel governou o país a partir de 1974. Ou seja: há 42 anos.

O ministério está formado e empossado e pouco adianta chorar as mágoas da falta do instinto feminino na equipe ministerial. O ministro Eliseu Padilha diz que haverá. Nas secretarias que eram ministérios no governo de Dilma Rousseff (PT). Resolve?

A bênção e a padroeira

“Dirijo-me aos brasileiros neste momento difícil e que o caminho para superar as dificuldades que o Brasil atravessa seja em harmonia e em paz”. São palavras do papa Francisco esta semana. Ele acrescentou estar fazendo orações que iluminem os brasileiros neste momento. Mas o detalhe mais importante é que, em sua bênção, o papa Francisco anunciou que tem dirigido suas orações a Nossa Senhora Aparecida. Sinal de que sabe que ela é a padroeira do Brasil.

Sem Lula lá?

Alguns parlamentares do PT que estiveram com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saíram preocupados com o seu desânimo com a política. As imagens de TV mostraram isso claramente, mas deputados mineiros da base do governo Dilma usaram diversos adjetivos para explicar seu estado de espírito. Nenhum deles traz otimismo. O que mais se ouve é “deprimido”, claramente notado na solenidade em Brasília. Mas falam também em “abalado”. Lula é a esperança do PT para 2018. Será que ele vai disputar? Até isso quem conversou com ele teme.

Fato consumado
Até o papa Francisco sabe do afastamento de Dilma Rousseff (PT), daí o “superar as dificuldades”. E a razão de ele ter dirigido suas orações à padroeira do Brasil Nossa Senhora Aparecida? Pouca gente conhece a história que a levou a ser padroeira. Pois bem, foi o papa Pio XI, em 16 de Julho de 1930, que assinou o decreto instituindo Nossa Senhora da Conceição Aparecida como padroeira do Brasil. Detalhe: ele legitimou um fato já consagrado pelo povo.

A voz do leitor
Escreve o leitor Kleber Pereira Gonçalves: “Apesar de compreender o pragmatismo de Temer, não me conformo com a escassez de mineiros no ministério; apenas Fabiano Silveira, desconhecido no mundo da política. Para um estado tão importante, é muito pouco. Numa análise perfunctória, constatei seis gaúchos e cinco pernambucanos, já que Romero Jucá, apesar de senador por Roraima, é oriundo de Pernambuco. É interessante observar como os políticos do Norte/Nordeste dominam a cena política faz tempo: Renan e Maranhão comandando o Legislativo e mais 10 ministros.

E Minas, Temer?

Em seu discurso de posse, o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) começou assim: “Olhe, meus amigos, eu quero cumprimentar todos os ministros empossados, os senhores governadores, senhoras e senhores parlamentares, familiares e amigos”. Logo no início, Temer justificou: “Até pensei, num primeiro momento, que não lançaria nenhuma mensagem neste momento. Mas percebi, pelos contatos que tive nestes dois últimos dias, que indispensável seria esta manifestação”. Só faltou justificar por que citou vários estados e simplesmente ignorou os mineiros. Minas Gerais não foi citada.

PINGAFOGO

“A ideia é que se respeitem direitos claramente adquiridos, embora seja importante dizer que direitos adquiridos não prevalecem sobre a Constituição.”

A frase é do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Era em referência aos direitos adquiridos pelos aposentados sobre o valor de suas aposentadorias. Meirelles deveria consultar antes de abrir a boca o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

O governo pretende cortar quatro mil cargos comissionados para fazer economia. A Câmara dos Deputados e o Senado farão o mesmo? Afinal, têm funcionários que nem vão a Brasília. Ficam nas “bases”.

Mesmo sendo interino, o presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), diz que não vai renunciar, mesmo depois de tentar que o processo de impeachment de Dilma voltasse às suas mãos.

Sem sucesso na manobra em favor da presidente Dilma, Waldir Maranhão é que precisa abrir o olho. É ele que corre o risco de ser renunciado do comando da Câmara.

O Ministério da Saúde pretende que o governo aprove a aplicação de multas para quem tem foco de Aedes aegypt em casa. Uai, já que não ofende, será que vai multar o mosquito?

 

 


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