Saúde vai continuar no arrocho no governo Temer

Para Ricardo Bastos, novo ministro da pasta, crise fiscal elimina qualquer expectativa de aumento dos recursos destinados à área. Planalto pede 'inventário' dos ministérios

Estado de Minas

Bastos defendeu multas contra donos de imóveis em que haja dificuldade de combate ao Aedes aegypti - Foto: (Wilson Dias/Agência Brasil)

Brasília – As queixas de subfinanciamento da Saúde deverão continuar, apesar da mudança de governo. O novo ministro da pasta, Ricardo Barros, disse ontem que não há expectativa de aumentar o volume de recursos da área. Segundo ele, os problemas fiscais são grandes e várias receitas previstas no ano passado não vão se realizar este ano. “Eu não tenho expectativa de aumentar recursos para a saúde. A crise fiscal é muito grande”, disse o ministro, que ontem participou da primeira reunião ministerial com o presidente em exercício Michel Temer.

Ele defendeu medidas que onerem donos de imóveis em que haja dificuldade para a entrada de agentes públicos com o objetivo de combater focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunha e zika. Segundo ele, a cultura do brasileiro é fazer o que precisa para evitar multas.

Barros pregou ainda maior participação de profissionais brasileiros no programa Mais Médicos, em que a maioria é formada de estrangeiros, especialmente cubanos. Mas o ministro destacou também que as duas últimas chamadas do programa já foram marcadas pelo predomínio de candidatos brasileiros. O ministro apresentou uma lista de 11 prioridades, encabeçada pela melhoria da gestão e do financiamento da Saúde.

Os outros pontos da lista são: aperfeiçoar os sistemas de informação do Sistema Única de Saúde (SUS); ter mais diálogo com entidades que representem os médicos e gestores de Saúde; ampliar o combate ao Aedes aegypti; reforçar os compromissos assumidos para ações de Saúde para os Jogos Olímpicos de 2016; ter mais brasileiros no Mais Médicos; pôr em funcionamento unidades de saúde, ambulâncias e equipamentos já adquiridos mas ainda não instalados; fortalecer o complexo industrial de saúde; ampliar e atualizar os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas; qualificar quatro milhões de profissionais de saúde; e fortalecer as ações de promoção à saúde e prevenção de doenças.

Inventário

O Palácio do Planalto já determinou que os novos ministros façam um inventário detalhado sobre tudo o que estão herdando do governo Dilma Rousseff.

A orientação é que esse levantamento seja divulgado por cada pasta assim que ficar pronto, para deixar claro problemas que estão sendo assumidos pela atual gestão.

“Temer não vai ser responsabilizado por problemas ou irregularidades que aconteceram no governo Dilma. Por isso, a ordem é mostrar detalhadamente como está a situação de cada área”, disse um auxiliar do presidente em exercício. Para outro interlocutor de Temer, a ordem é abrir a “caixa-preta” do governo do PT. Já estava havendo redução e cortes em programas sociais na gestão da petista, como Minha casa, minha vida e Pronatec e o novo governo não quer ser responsabilizado por perdas herdadas da gestão anterior.

 

 

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