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Estado de Minas

Delatores acusam ex-governadores de receber propina por obras estaduais

Em delação premiada na Lava-Jato, ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez revelaram suposto pagamento de propina aos ex-governadores Eduardo Braga (PMDB) e Omar Aziz (PSD), do Amazonas, e José Roberto Arruda (DEM) e Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal


postado em 15/05/2016 06:00 / atualizado em 15/05/2016 08:46

Rio de Janeiro – Em delação premiada aos investigadores da Operação Lava-Jato, ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez revelaram suposto pagamento de propina aos ex-governadores Eduardo Braga (PMDB) e Omar Aziz (PSD), do Amazonas, e José Roberto Arruda (DEM) e Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal. As informações, divulgadas ontem pelo Jornal Nacional, constam dos depoimentos de Clóvis Peixoto Primo e Rogério Nora de Sá – as mesmas pessoas que apontaram supostas propinas ao ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, do PMDB.

Tanto Braga quanto Aziz são senadores atualmente. Em relação a Braga, os delatores afirmaram que havia uma combinação de pagamento de propina de 10% sobre o valor de cada obra da empreiteira. De acordo com Primo, eram feitas ameaças se houvesse atraso nos repasses. Braga teria recebido entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões, segundo estimativa de Nora de Sá.

Ao detalhar a licitação da Arena da Amazônia, Primo disse ter se encontrado, num hotel em Brasília, com o sucessor de Braga no governo do estado, Omar Aziz. O delator afirmou ter tentado negociar redução da propina e disse que, após fazer “um grande teatro” e ter se exaltado, Aziz aceitou a redução para 5% do valor das obras.

Segundo Sá, em outra reunião, em São Paulo, Omar Aziz pediu propina de R$ 20 milhões à construtora, alegando que a empresa tinha grande volume de obras no estado e que a verba seria usada para pagar despesas de campanha. O delator afirmou que, ao ouvir que não era possível, o então governador teria insistido de modo agressivo e afirmado que, se a propina não fosse paga, o governo estadual poderia “se vingar” da Andrade Gutierrez.

Eduardo Braga, que foi ministro de Minas e Energia do governo Dilma, afirmou, por meio de nota, que a denúncia é “absurda” e que está indignado e se sentindo ofendido com as acusações. O senador Omar Aziz declarou que seguiu rigorosamente o valor da construção da Arena Amazônia determinada pelo Tribunal de Contas da União.

Ainda segundo a reportagem, os ex-executivos da Andrade Gutierrez também afirmaram que teria havido pagamento de propina referente a obras da construção do Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Clóvis Primo disse que, em 2009, houve um acerto para o pagamento de 1% para o então governador José Roberto Arruda (DEM), antes da formação do consórcio que ganhou a licitação.

Nora de Sá disse que autorizou os pagamentos combinados com Arruda mesmo após o ex-governador ser afastado do cargo. Na época, Arruda foi preso, acusado de tentativa de suborno, e teve seu mandato cassado. O delator revelou ainda suposta propina para o ex-governador Agnelo Queiroz, do PT. Já Clovis Primo disse na delação que não havia um acerto fixo de propina para Agnelo, mas que o ex-governador fez pedidos de pagamentos ao PT. Os advogados de José Roberto Arruda  e Agnelo Queiroz negaram as acusações.


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