O presidente em exercício Michel Temer afirmou ontem que não pretende interferir na decisão da Câmara dos Deputados sobre o processo de cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e que a renúncia ou não do parlamentar não influirá no seu governo. “Um poder não pode se meter em outro poder. A renúncia de Cunha, para mim, tanto faz, não altera nada”, disse ele em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo. Ele afirmou que o seu maior desafio é fazer com que o Brasil seja “pacificado” e que se equilibre política e economicamente, acabando com a polarização atual. E que seguirá com os programas sociais do governo Dilma e continuará apoiando a Operação Lava-Jato, que investiga a corrupção na Petrobras. Prometeu inclusive manter o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello. Durante a entrevista de Temer ocorreram panelaços em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília, a exemplo do que ocorria quando a presidente afastada Dilma Rousseff se pronunciava na TV. Em BH, houve apitaços em alguns bairros.
Temer disse que enviará as medidas necessárias para a governabilidade do país à Câmara, independentemente da situação de Eduardo Cunha, que está sendo julgado pela Câmara por quebra de decoro parlamentar.
Ele reafirmou o que disse em outras entrevistas, ao destacar a necessidade de pacificação do país, “a unificação dos partidos políticos, dos trabalhadores com os empregadores, o conjunto da sociedade brasileira”. Anunciou também que o ministro da Justiça, Alexandre de Morais, vai chamar todos os secretários estaduais de segurança pública para discutir ações coordenadas com os estados.
Quatro mulheres
Quanto às críticas sobre a ausência de mulheres em seu ministério, Temer rebateu, dizendo que terá quatro em sua equipe. A primeira é a sua chefe de gabinete, que inclusive, segundo ele, participou da reunião ministerial. “Para a cultura quero trazer uma representante do mundo feminino”, disse, além de mulheres também à frente da Igualdade Racial e Ciência, Tecnologia e Comunicação. Outra polêmica do início do seu governo, o anúncio de mudança de regras de aposentadoria, como idade mínima para aposentadoria, também será tratada com cuidado, segundo ele.
Michel Temer defendeu o ministro do Planejamento, Romero Jucá, que é investigado na Lava-Jato. “O Jucá é uma figura de uma competência administrativa extraordinária, ninguém conhece o orçamento como ele. Tem uma capacidade de articulação política fundamental na democracia e me ajudará na tarefa de governar o país. Se ele se tornar réu, vou examinar”, afirmou o presidente, que disse que se algum auxiliar seu cometer irregularidade administrativa, será demitido. Quanto à ação do PSDB no Tribunal Superior Eleitoral que contesta a chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico durante a campanha, Temer disse estar tranquilo. Ele defendeu a separação da ação dele da de Dilma. “O vice tinha uma campanha à parte”, afirmou, por isso ele não considera contraditório separar as ações, apesar de ter sido a mesma chapa.
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