Nova York, 16 - O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), avalia que, antes de pensar em alta de impostos, o novo governo de Michel Temer precisa mostrar para a sociedade que é capaz de fazer corte significativo de gastos públicos. Em conversas com jornalistas em Nova York nesta segunda-feira, ele disse que mantém sua posição contra a volta da CPMF.
"É muito importante que o governo corte na carne gastos que podem ser evitados, não essenciais. Votei contra a CPMF como senador e mantenho a minha coerência", disse Perillo. Para ele, Temer tem que aproveitar o início de seu mandato, em que tem "gordura para queimar", e investir nas reformas estruturais e ajustes na economia.
Nas reformas, Perillo afirma que a prioridade é a da Previdência, seguida pela trabalhista, dois fatores que vêm travando o desenvolvimento do Brasil. Já a reforma tributária, também essencial, precisa ser mais debatida, pois falta consenso entre os Estados.
"Infelizmente perdemos 14 anos no Brasil sem reformas. É preciso reconquistar esse espaço perdido, focando para valer. Sem essas reformas, o País não vai sair da situação em que se encontra", disse o governador aos jornalistas. Perillo reconheceu que as reformas estruturais são todas "muito difíceis e polêmicas, mas absolutamente necessárias" para tirar o Brasil da recessão. Além das reformas, ele também falou da necessidade de resolver gargalos na infraestrutura, fator que vai permitir maior crescimento no futuro.
Perillo se disse um "otimista moderado" com o governo de Temer. A aprovação do processo de impeachment tanto no Senado como na Câmara por margens acima do previsto indicam que o peemedebista terá capital político suficiente para aprovar as medidas no Congresso, mas o governador disse que também é preciso ter cuidado, pois alguns parlamentares favoráveis ao impedimento de Dilma Rousseff não concordam com algumas medidas econômicas necessárias.
"Eu espero que o Brasil não precise chegar ao estágio da Grécia para fazer reformas, é preciso fazer reformas antes", disse. Perillo fará na quarta-feira uma apresentação para investidores em Nova York. Nesta segunda, ele foi um dos presentes em um evento da Câmara de Comércio Brasil e Estados Unidos que teve palestras dos ex-presidentes do Banco Central Arminio Fraga e Carlos Langoni, e do economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros.