"Esse é um ministério montado para atender reclamos de participação política dos atores do golpe. As pessoas votaram (pelo impeachment) com objetivo de ganhar espaço. Então se fez um verdadeiro mosaico de espaço, querendo desmontar tudo às pressas. Todo mundo começa a falar de qualquer jeito sem ter conhecimento de causa", afirmou Aragão.
Nesta semana, ministros de Temer protagonizaram ao menos dois imbróglios. Na segunda-feira, Temer desautorizou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e garantiu que vai manter a tradição de indicar para o comando do Ministério Público Federal o procurador mais votado pela categoria.
Nesta terça-feira, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, precisou garantir, após uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que não pretende redimensionar o Sistema Único de Saúde (SUS).
Para Aragão, os recuos demonstrados indicam uma "completa irresponsabilidade na montagem dos ministérios". "Pessoas que não sabem do que estão lidando e querendo desmontar pelo prazer de desmontar", disse o ex-ministro. "Uma hora a população se dará conta do enorme engodo em que se meteu", afirmou.
Aragão disse ter "estranhado muito" as críticas do novo ministro da Defesa, Raul Jungmann, à organização das Olimpíadas pelo governo da presidente Dilma Rousseff.
Em 2011, uma Secretaria para Grandes Eventos, subordinada ao Ministério da Justiça, foi criada para coordenar a segurança de eventos como as Olimpíadas. "Os militares só entram subsidiariamente para suprir deficiências. Não tem função de protagonistas", disse Aragão. Para o ex-ministro, as declarações de Jungmann confirmam uma "necessidade de desqualificar os atos do governo da presidente Dilma, de fazer oposição por oposição sem tomar conhecimento dos fatos".
Tido como um dos conselheiros da equipe jurídica de Dilma na defesa do impeachment, Aragão é subprocurador-geral da República e apesar da breve permanência no governo foi um dos ferrenhos defensores da gestão da petista nos últimos meses..