Bolsonaro chama vereadores de otários e vira "persona non grata" em sua terra natal

Deputado se irritou com moção de repúdio a homenagem feita por ele ao coronel Ustra, reconhecido pela Justiça brasileira como torturador do regime militar, durante votação do impeachment

Alessandra Mello
O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) foi declarado persona non grata em sua terra natal, Campinas, interior de São Paulo.
Concedido pela Câmara Municipal da cidade, o indesejado título vai ser enviado formalmente ao gabinete do deputado nos próximos dias. Ontem à noite, os vereadores aprovaram uma moção contra o deputado depois de terem sido chamados por ele de "otários" e "desocupados".

Bolsonaro se irritou com seus conterrâneos depois da Câmara ter aprovado, no dia 25, uma moção de repúdio contra sua declaração de apoio ao coronel Brilhante Ustra, no dia a votação do impeachment da presidente Dilma. Ustra foi um dos torturadores da presidente afastada durante o regime militar. "Estou me lixando para esses vereadores que votaram isso. Eles não têm o que fazer, são uns desocupados… Esses vereadores são uns otários", disse o deputado em entrevista publicado por um jornal de Campinas, o que gerou revolta nos vereadores.

O autor da moção foi o vereador Pedro Tourinho (PT). Ele conta que logo após a votação do impeachment ele apresentou uma moção de repúdio contra a reverência de Bolsonaro a Ustra.
"A proposta foi rejeitada pela maioria absoluta, mas isso repercutiu muito mal entre a população. Pressionados, um grupo de vereadores pediu que eu a apresentasse de novo. Eu então apresentei de novo, no dia 25 de abril, e ela foi aprovada, o que irritou o deputado", afirmou o vereador.

Ustra foi comandante do Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi) de São Paulo no período de 1970 a 1974. Em 2008, tornou-se o primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça brasileira como torturador durante a ditadura.


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