O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ajudou a articular a formação do novo bloco, que inclui o chamado baixo clero da Casa. Os partidos do Centrão foram disputados por Temer e Dilma durante a tramitação do impeachment na Câmara e negociaram cargos com os dois lados. Temer deu a eles vagas importantes na Esplanada e no segundo escalão do novo governo.
O medo entre aliados do presidente em exercício ouvidos pela reportagem é de que ele se torne um refém do Centrão, que o obrigou, por exemplo, a colocar o PRB no Desenvolvimento.
O primeiro pleito do grupo é emplacar o novo líder do governo na Câmara. O nome
defendido por eles é o do líder do PSC, André Moura (SE), um dos principais aliados de Cunha. Mas o grupo também quer influenciar na agenda legislativa com propostas como a que legaliza jogos de azar.
Temer reuniu-se com o grupo nesta terça, 17, mesmo. O "novo Centrão" chegou a levar o pedido para a indicação de Moura para a liderança do governo, mas Temer não se decidiu. "O presidente ainda não definiu a indicação.
'Mãos dadas'
Na reunião, Temer manifestou, segundo Geddel, apreço "de governar de mãos dadas ao Congresso" para agilizar votações de medidas provisórias e da revisão da meta fiscal. O presidente em exercício, no entanto, não estabeleceu uma pauta específica de prioridades para votações.
Com a indefinição, a sessão de terça da Câmara acabou sem nenhuma votação, mesmo com quatro medidas provisórias ainda do governo Dilma trancando a pauta. A reunião do colégio de líderes prevista para a tarde de terça acabou adiada para quarta, quando a expectativa é de que o novo líder já esteja definido.
Além de Moura, defendido pelo Centrão, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) disputa a indicação. O nome dele é defendido por Moreira Franco, responsável pela área de infraestrutura do governo, e por integrantes da antiga oposição ao governo petista, como PSDB e PPS.
Justamente para evitar um racha na base, o PMDB, com uma bancada de 66 deputados - a maior da Casa -, ainda não decidiu se vai participar do grupo. O receio é de que a entrada oficial do partido do presidente aponte a preferência de Temer pelo grupo. Caso o partido resolva entrar, o bloco poderá chegar a ter mais de 290 parlamentares - número grande o bastante para aprovar projetos de lei (mínimo de 257 votos), mas ainda insuficiente para aprovar emendas à Constituição Federal (308 votos). .